domingo, 10 de janeiro de 2021

Bissorã: ALDEIA DE BINHOME ACOLHE PRIMEIRA FESTA DA COLHEITA DE AGRICULTORES GUINEENSES

 

A secção de Binhome, no setor de Bissorã, região de Oio, norte da Guiné-Bissau, acolheu no sábado, 9 de janeiro de 2021, a primeira festa da colheita do ano agrícola de 2020/2021, considerada pelos agricultores como a primeira realizada na história da Guiné-Bissau.

O evento contou com a presença de camponeses provenientes de nove regiões agrícolas do país, dos delegados regionais de agricultura, dos representantes do FAO, da UEMOA, do poder tradicional de diferentes regiões. Testemunharam o ato o ministro senegalês de Agricultura, Moussa Baldé, que se fez acompanhar de responsáveis de diferentes serviços do seu ministério, bem como do responsável da pesquisa agrícola do Senegal e do Embaixador daquele país vizinho na Guiné-Bissau.

O governo senegalês apoiou as autoridades da Guiné-Bissau em sementes agrícolas no ano passado, estimado em cerca de dois milhões de dólares norte-americanos. Segundo apurou o jornal O Democrata, a presença do senegalês de Agricultura e Equipamento Rural visa igualmente trabalhar com o seu homólogo guineense na instalação de uma Comissão mista de cooperação agrícola entre os dois países, bem como a organização da primeira reunião da comissão em Bissau, no âmbito da nova fase de reforço das relações bilaterais.

A Guiné-Bissau, de acordo com as informações avançadas pelos responsáveis do ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural, produziu este ano agrícola 203 mil toneladas de arroz, contabilizados em todo o território nacional. 

Presidindo à cerimónia, o ministro da agricultura guineense, Abel da Silva Gomes, disse que os agricultores da aldeia de Binhome beneficiaram do apoio do governo e dos projetos de desenvolvimento financiados pelos parceiros internacionais, tendo destacado o apoio dado pelo governo senegalês que, de acordo com a sua explanação, marcou o record com a sua contribuição no agrícola 2020/2021.

Binhome é constituído por oito tabancas e tem uma área de 180 hectares. A  semelhança de várias outras aldeias, vive especificamente de agricultura, pecuária, pesca artesanal e exploração florestal.

“Os nossos irmãos do Senegal deram um apoio significativo e pontual, que serviu mais de 70 por cento da população agricultora em insumos agrícolas, nomeadamente: sementes de arroz, mancarra, feijão e fertilizantes, num valor aproximado de dois milhões de dólares norte-americanos” realçou para de seguida acrescentar que se associou ao apoio do Senegal, as contribuições do reino do Marrocos, através do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e os apoios da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e do FIDA que se está a concretizar.

Explicou que estão a trabalhar com os projetos de emergência de Banco Mundial e do Banco Oeste Africano do Desenvolvimento (BOAD), enfatizando que todos os apoios recebidos permitiram uma viragem de página na agricultora guineense. Contudo garantiu aos parceiros que o ministério vai sempre pôr os apoios disponibilizados em prol do desenvolvimento das atividades de camponeses e agricultores.

Assegurou que este ano, o país teve bons resultados agrícolas, não obstante as chuvas torrenciais e altas marés que provocaram inundações e que, segundo o ministro, prejudicarem 25 mil hectares de arrozais, afetando mais de nove mil famílias que poderão estar expostas a fome e penúria sem contar com as consequências nefastas da pandemia do coronavírus (Covid-19).

Relativamente a mecanização e modernização da agricultura, Abel da Silva Gomes, anunciou que o governo, através do seu ministério, prioriza neste ano agrícola a mecanização e modernização de agricultura, tendo acrescentado que o ministério avançará para uma agricultura de irrigação intensiva e que irão criar alguns polos pilotos de produção irrigada, construção de diques anti-sais, diques de cintura ou de proteção anti-erosivo bem como de diques de parcelamentos dos perímetros agrícolas, por forma a precaver futuras inundações e garantir uma gestão de água nas bolanhas.

O governante assegurou que o ministério vai incentivar e estimular a produção hortícola diversificada para reduzir a importação dos produtos hortícolas dos países vizinhos, porque o país dispõe de boas condições de terra para a produção. Frisou que se o tesouro público guineense desbloquear os fundos prometidos na próxima semana e se tiverem apoio complementar de alguns parceiros, vão iniciar dentro de duas semanas a tão almejada lavoura de irrigação intensiva de arroz nos perímetros agrícolas selecionados em Contuboel(Bafatá) e no Centro de Carantaba, setor de Sonaco(Gabú) e mais sete localidades pilotas naquelas duas regiões com uma área visada de cerca de 1500 hectares.

Para a representante do FAO na Guiné-Bissau, Yannick Rasoarimanana, o FAO está a lutar juntamente com os agricultores guineenses contra todas as doenças, pragas de plantas e animais como a Lagarta Legionária de Outono. Acrescentou ainda que estão a trabalhar juntamente com as comunidades rurais para tornar a agricultura, pecuária, florestas e pesca mais produtivas, resilientes e mais eficientes, no sentido de melhorar a economia das famílias e a economia da Guiné-Bissau.  

Em representação de agricultores da província sul, Fátima António Nanai pediu apoio das autoridades guineenses para a mecanização e modernização da agricultura, porque atualmente a produção com enxadas e outros instrumentos rudimentares não consegue obter grandes resultados. Pediu ainda apoio para a proteção das várzeas para evitar as inundações, dado que sozinhos não conseguem.    

Por: Assana Sambú

Foto: A.S

Conosaba/odemocratagb

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