Iva Cabral declara apoio a Domingos Simões Pereira e apela ao povo guineense que recorde e siga os ensinamentos do seu pai, Amílcar Cabral
UNIDADE E LUTA
Iva Cabral
A segunda volta é, a meu ver, completamente diferente da primeira já que os proponentes são apenas dois, mas sobretudo porque o adversário tem características diferentes de todos os candidatos anteriores, não só da primeira volta destas eleições como de todos os candidatos a presidência da República do nosso país.
Que características são essas:
- Não tem nenhuma experiência governativa, já que acho que os meses em que foi primeiro ministro do JOMAV não pode contar como grande experiencia e mais não teve nenhum resultado positivo.
- Utilização de fake-news para influenciar a campanha e seus resultados.
- Utilização de uma mensagem desqualificada e insultuosa como forma de escamotear o debate das questões essenciais do Estado.
- Distribuição de dinheiro e de materiais.
- Utilização de um discurso e propaganda religiosa radical e étnica com o objectivo de manipular as crenças e fragilidades da população.
- Incoerência politica: critica a CEDEAO, quando a base da sua nomeação como primeiro-ministro foi um acordo da CEDEAO; reclama soberania quando vendeu a medalha Amílcar Cabral a El Bashir e depois assina acordos eleitorais com vista as presidenciais em território senegalês desprezando a mesma soberania que alega.
Esta realidade é completamente diferente da primeira volta e principalmente muito mais perigosa já que do seu resultado depende a unidade da nossa pátria, o reforço da consciência nacional e até a sobrevivência da nossa nação. Nação, essa que custou muitos sacrifícios, sofrimentos e vidas.
Cabral já alertava sobre a fragilidade da nossa Nação nascente:
“Mas temos de dar atenção à propaganda que fazem para nos desmobilizar, pois temos algumas fragilidades. Por exemplo, é através da luta que estamos a construir uma nação. Ainda somos frágeis nesse aspecto e alguns dos que cá estão sentados, mesmo alguns responsáveis do Partido, não atingiram a consciência exacta do que é a nossa Nação. Alguns continuam a sentir-se mancanhas, papéis, mandingas ou balantas mais do que propriamente guineenses.… nosso futuro é possível, como nação africana, como povo africano, para a marcha para a paz, o progresso e a felicidade ... Isso se formos capazes de eliminar do nosso meio todos os oportunistas, ambiciosos, malandros, bandidos e falsos, para concentrarmos o nosso trabalho sobre a inteligência e o valor daqueles que são sérios, honestos, dedicados, amigos verdadeiros do nosso povo…..
O que estas eleições demonstram é que a nossa Nação ainda é frágil e este escrutínio corre o perigo de aumentar ainda mais essa fragilidade. Por isso, a responsabilidade do cidadão eleitor é dupla: eleger um presidente que possa aglutinar à sua volta o povo guineense e salvaguardar as conquistas da luta de libertação entre as quais a maior foi construída sob o lema “Unidade e Luta”: a Nação guineense.
Esse Presidente, a meu ver, tem que ser Domingos Simão Pereira já que é o único dos candidatos que consegue aglutinar os guineenses à volta de um projecto, de um objectivo comum, de um sonho. É ele que representa aqueles cidadãos que Cabral considerava “sérios, honestos, dedicados, amigos verdadeiros do nosso povo”. É ele que será capaz de lutar contra os “oportunistas, ambiciosos, malandros, bandidos e falsos”, salvaguardando assim a continuidade da edificação da nossa Nação.
O que a segunda volta representa não é apenas a escolha de um candidato com o qual nos revemos ideologicamente ou sentimentalmente, mas sim a escolha da continuidade da construção e reforço, para não dizer salvação da Nação guineense e da Independência que tantos sacrifícios custaram.
Por tudo o acima dito, eu voto DSP (no número 1) e apelo às mulheres, aos jovens, a todos os cidadãos que amam a Guiné, que se sentem guineenses, que querem uma Nação unida e forte, que ambicionam ver o seu país desenvolver-se, que desejam que o nosso Estado resgate a sua dignidade internacional, que se unam e lutem para elegermos o Homem que hoje tem a capacidade de guiar-nos na realização desses objectivos sob o lema de Cabral “Unidade e Luta”.
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