sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

REMAR CONTRA O CABRALISMO É REMAR CONTRA A MARÉ DA NOSSA HISTÓRIA

“A politica de assimilação conduz àquilo a que Mário de Andrade chama “dualismo cultural”. “Como dirigente da luta politico-militar, praticamente até ao seu termo, o fundador do PAIGC estudou todos os aspectos que definem a essência da luta de Libertação Nacional. É neste sentido que Amílcar Cabral traçou a linha ideológica da LUTA e construiu a sociologia do seu conhecimento”. De forma descritiva, fala assim do “dualismo cultural”, nos primórdios do processo de conquista da independência nacional:

“... as grandes massas rurais, assim como uma fração importante da população urbana, num total de mais de 99% da população indígena, permanecem livres ou quase, de qualquer influencia cultural da potência colonial. Elas "“...encontram na sua própria cultura o unico reduto susceptível de preservar a sua identidade. “... visto que elas são portadoras da sua cultura própria, são a fonte da cultura e, ao mesmo tempo, a unica entidade verdadeiramente capaz de preservar e de criar a cultura- DE FAZER A HISTÓRIA”.

Na outra face do “dualismo”, situa-se “uma elite de assimilados, alienada do seu próprio povo, criada pelo regime colonial, para seu próprio proveito”. Desta”elite”, uma parte significativa, consciente ou inconscientemente, observa-se no pós-colonialismo, uma postura de “herdeira” do poder, porque se sente uma especie “di tugas di tera”, criada á imagem e pensamento do colono, que a luta de libertação eliminou da pirâmide social e politica. Porque se recusa a assumir o “regresso às fontes” e o processo de “suicidio”, enquanto “petty bourgeoisie autóctone”, recomendados por Amilcar Cabral, coloca-se no sentido contrário ao ascendente da história.

Em jeito de conclusão, diria que, estas eleições estão na linha directa de razões estratégicas da Luta de Libertação Nacional, que é a de reestruturação da sociedade guineense, a partir de critérios imanentes da nossa matriz cultural e não de disposições do “Estatuto dos indígenas”, produzido e implementado pelo regime colonial.

A meu ver, o candidato apoiado pela “unica entidade verdadeiramente capaz de preservar e de criar a cultura- DE FAZER A HISTÓRIA”, ou seja, a maioria do povo guineense e não da “população” (segunco AC), será o novo Presidente da Republica da Guiné-Bissau.

ESTAMOS A CAMINHO DO FIM DE UMA ERA
Mantenhas
Ernesto Dabo

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