O grupo dos quinze deputados expulsos do Partido Africano da Independência de Guiné e Cabo-Verde (PAIGC) defendeu esta quarta-feira (17.01) que só vão reintegrar as fileiras do partido, com a anulação das conferências de base, da convenção e o adiamento do próprio congresso do PAIGC a realizar de 30 de Janeiro a 4 de Fevereiro do ano em curso.
A intenção foi manifesta a uma missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que está em Bissau para avaliar o processo da implementação do Acordo de Conacri, assinado pelos atores políticos para acabar com a crise político-institucional na Guiné-Bissau.
A saída do encontro que durou mais de duas horas nas instalações do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), o coordenador do grupo, Braima Camara, afirmou que só com o cumprimento dessas exigências por parte da direcção PAIGC que vão aceitar a reintegração no partido.
“Informamos a delegação da organização sub-regional que esperamos que a direcção do PAIGC dará um passo muito significativo em relação a actual situação vigente no país, que passa pela anulação de conferências de bases e o adiamento do congresso agendado para este mês, para definitivamente podermos reconciliar e cada um de nós provar que capaz de fazer um esforço em prol de paz e estabilidade para a Guiné-Bissau”, afirmou Camara.
Contudo, realçou que chegou o momento em que tanto a direcção do partido liderado por Domingos Simões Pereira bem como o grupo dos deputados expulsos do partido de provarem ao mundo que têm capacidades de chegarem ao entendimento.
O grupo liderado por Braima Camara, apoia um roteiro que o Chefe do Estado, José Mário Vaz, desenhou para a saída da crise política, que levará a implementação do Acordo de Conacri, instrumento patrocinado pela CEDEAO com o qual se pretende acabar com a crise na Guiné-Bissau.
Em declaração a imprensa, o coordenador do grupo, defende que a reintegração não pode ser somente dos deputados expulsos, mas deve ser efectiva e incondicional para todos os militantes e dirigentes expulsos e suspensos, como caso de Aristides Ocante da Silva, Tomas Barbosa, Marciano Silva Barreiro, Botche Candé e Luís Oliveira Sanca.
“Esses dirigentes estavam em divergências com o partido antes da expulsão dos deputados, por isso, eu enquanto coordenador e líder do grupo dos deputados expulsos do PAIGC não posso abandonar os dirigentes em causa para reintregar as fileiras do partido, isso não é possível”, declarou Braima Camara, visivelmente desapontado com a direcção superior do partido.
Para Camara a decisão do partido em só reintegrar os deputados expulsos é contra os princípios e espíritos de lei do Acordo de Conacri.
Igualmente conselheiro especial do Presidente da República, disse a imprensa no encontro com a missão da CEDEAO, que o grupo está aberto na busca de solução viável para a Guiné-Bissau e pede abertura da direcção do partido.
De recordar que em Outubro de 2016 na Guiné-Conacri, os atores políticos chegaram a um entendimento sobre um documento de dez pontos intitulado “Acordos de Conacri”, subscrito por dirigentes políticos da Guiné-Bissau, numa reunião promovida pelo Presidente daquele país, na qualidade de mediador da CEDEAO para tentar resolver a crise política no país.
Mas, em um dos pontos subscritos em Conacri prevê só que quinze deputados sejam reintegrados no PAIGC, sem condições, mas em conformidade com as regras em vigor do partido.
Na altura assinaram o documento, o líder do parlamento, Cipriano Cassamá, o ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, Aristides Ocante da Silva, o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, e ainda Florentino Pereira, secretário-geral do Partido da Renovação Social (PRS).
Subscrevem-no igualmente Braima Camara, em representação dos 15 deputados expulsos do PAIGC, bem como os representantes dos partidos com menor representação parlamentar: Vicente Fernandes, presidente do Partido da Convergência Democrática (PCD), Malam Djaura, representante do Partido da Nova Democracia (PND) e Agnelo Regalla, presidente da União para Mudança.
Para além dos dirigentes guineenses implicados no acordo, rubricam-no ainda o presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, o presidente da Comissão da CEDEAO, Marcel Souza, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Serra Leoa, Samura Kamara, bem como o secretário de Estado das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto.
O acordo conta ainda com as rubricas de Anna Faye, embaixadora do Senegal na Guiné-Conacri, de Modibo Touré, representante da ONU em Bissau, e de Ovídio Pequeno, representante da União Africana em Bissau.
// Alison Cabral
Conosaba/radiojovem
Sem comentários:
Enviar um comentário