O Alto Comando Militar para a Restauração da Segurança Nacional e Ordem Pública aprovou esta quinta-feira duas importantes resoluções que moldam o atual período de transição política na Guiné-Bissau.
A Resolução n.º 03/ACM/2025 suspende a vigência de algumas normas sobre a organização e funcionamento do Ministério Público. Segundo o documento, a medida pretende “agilizar a atuação institucional” num contexto marcado pela rutura constitucional de 26 de novembro e pela adoção da Carta Política de Transição. Embora mantenha a estrutura do Poder Judicial e a autonomia do Ministério Público, o Alto Comando afirma que a instituição enfrenta “obstáculos institucionais e estruturais” que dificultam o seu papel na defesa da ordem pública e do interesse nacional.
A resolução inclui ainda um aditamento à Carta Política de Transição, cujo conteúdo não foi tornado público, e entra imediatamente em vigor.
Paralelamente, a Resolução n.º 02/ACM/2025 cria o Conselho Nacional de Transição (CNT), um novo órgão com a missão de coordenar e fiscalizar os poderes do Estado durante a transição. O Comando Militar considera que as várias transições dos últimos 40 anos foram “inconsequentes”, por se limitarem a eleições sem reformas estruturais. O documento critica o uso de recursos nacionais e internacionais em processos eleitorais “sem resultados concretos” e responsabiliza a classe política e parceiros externos por essa falta de eficácia.
O Comando justifica a criação do CNT com o ambiente de contestação e crispação em torno das últimas eleições, que, segundo alerta, poderia ter evoluído para “uma guerra civil de cariz étnico”. O novo órgão terá funções de concertação política, preparação dos instrumentos de transição e fiscalização das atividades dos órgãos de poder, nos termos da Carta Política de Transição.
As duas resoluções foram aprovadas numa sessão extraordinária realizada em Bissau e produzem efeitos a partir da data da assinatura. O Alto Comando Militar reafirma que a sua intervenção visa restaurar a segurança nacional, proteger os direitos fundamentais e garantir o retorno à normalidade institucional.




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