A Associação de Proteção e Defesa dos Idosos da Guiné-Bissau (APDI-GB) denunciou o espancamento, até à morte, de uma idosa de 64 anos de idade, no domingo passado, 27 de agosto de 2023, na secção de Suzana, setor de São Domingos, norte da Guiné-Bissau.
A denúncia foi tornada pública esta sexta-feira, 01 de setembro de 2023, pelo presidente da organização, Nelson Oliveira Intchama, que revelou que a vítima tinha sido acusada da prática de feitiçaria.
Nelson Oliveira Intchama exigiu das autoridades competentes a abertura de um inquérito, o mais rápido possível, para que os implicados na morte da idosa sejam traduzidos à justiça.
Segundo a Associação da Proteção e Defesa de Idosos da Guiné-Bissau, se a exigência não for atendida, os associados serão obrigados a sair à rua, pacificamente, para protestar e exigir justiça.
“Exigimos às autoridades competentes que abram um inquérito o mais rápido possível para que os implicados no espancamento até à perda de vida da nossa querida mãe, acusada de feitiçaria, sejam traduzidos à justiça”, insistiu, alertando que o próximo passo será o protesto de rua para exigir justiça.
Defendeu que “não é possível, num estado de direito democrático, que pessoas continuem a ser mortas por prática de feitiçaria”, afirmando que ninguém pode estar à margem da lei, pois “somos todos iguais perante à lei, não pode continuar a vigorar o fenómeno de desigualdade na justiça”.
Por sua vez, a filha da vítima, Rosana Manga, afirmou que a sua mãe terá sido levada a um vidente que terá autorizado o seu espancamento até à morte.
“No domingo, a minha mãe explicou-me que na noite de sábado tinha sido submetida a uma prática tradicional (beber medicamento tradicional), por um grupo de raparigas para tentar descobrir se era ou não feiticeira, mas a intenção não foi bem sucedida. Depois foi obrigada a declarar-se feiticeira, mesmo assim disse ser inocente de tudo quanto estava a ser acusada. Em seguida, o vidente ao qual a comunidade tinha recorrido autorizou o seu espancamento brutal, ao qual não resistiu”, detalhou, criticando o silêncio das autoridades nacionais que até ao momento não traduziram à justiça os atores que vitimaram mortalmente a sua mãe.
“Todos os implicados na morte da minha mãe estão a andar livremente em Suzana. Onde está a autoridade do Estado guineense? Quem são essas pessoas? Será que são mais importantes do que nós? Eu diria não. Não, porque alguns são minhas colegas da infância e estão à vontade na comunidade e perante a vista grossa das autoridades ”, criticou.
A acusação da prática de feiticeira tem sido um fenómeno recorrente um pouco por toda parte no país.
A Associação da Proteção e Defesa dos Idosos da Guiné-Bissau defendeu que é urgente contornar a situação, caso contrário o fenómeno continuará a ganhar proporções alarmantes na Guiné-Bissau.
Por: Filomeno Sambú
Foto: Cortesia Rádio Popular
Conosaba/odemocratagb
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