quinta-feira, 2 de junho de 2022

Jovens de Bissorã/Minde organizam festival de promoção da cultura balanta

Os balantas se denominam brassé ou brassá, dependendo de variação linguística da etnia. Existem dois grandes grupos, Kuntoe e Nhacra. Do primeiro, saiu o chamado balanta patch e nagha.
Segundo a história, a origem de balanta patch deriva de nome de uma aldeia com o mesmo nome, porém, não residem só nesta aldeia como os nagha que se pode encontrar somente em Busssum-Nagha.

Os Balantas Nhacra são descendentes de uma ligação de mulheres papéis com homens beafadas que viviam nas localidades de Dugal e Nague. Dugal significa em Beafada, ″hóspede″, e ″Beafada″ em balanta designa irmãos do mesmo pai.

Balanta Kuntoe está na margem direita do Rio Mansoa, que atravessa a Guiné-Bissau de centro para oeste. Balanta Nhacra está localizado na margem esquerda do mesmo rio. Concentra-se na zona sul do país, concretamente nas regiões de Tombali e Quínara, a procura campos para a prática de agricultura, o que lhe tornou o maior migrador dentre etnia balanta.

Primeiro, migraram de norte para oeste e de Oeste para o Sul. O fator primordial dessa movimentação demográfica era a procura de melhor solo para cultura do arroz. Os balantas Nhacra eram os maiores produtores de arroz, mas isso não significa que os Kuntoe não migram. Na verdade, eles migram comparativamente menos. 
Os balantas formam um laço familiar forte com uma cultura e a tradição intacta e imutável.

Reavivamento da cultura e identidade

Entretanto, um grupo de jovens do Setor de Bissorã organizou um festival denominada “Afro-Brassa”, que tem como objetivo expor e promover a cultura da etnia balanta que, nas últimas décadas, tem vindo a desaparecer.

Nesse festival, tudo que é a tradição dessa etnia foi exibido, a começar pela luta livre e todas outras danças tradicionais que marcam diferentes gerações.

Cloriano Nhaga, ancião, reconheceu que a cultura está a desaparecer. O mais caricato para ele é há filhos de balantas que não sabem falar a língua materna, e essas pessoas não se identificam com a cultura.

Por isso, esse festival “Afro-Brassa” vai permitir fazer uma introspeção sobre a cultura, para depois transmitir a nova geração a importância dessa riqueza cultural, que está a ser abandonada em detrimento da cultura ocidental.
Um povo sem cultura não é povo, também um homem sem a cultura é um homem sem história. A etnia balanta tem variadíssimas tradições geracionais, como por exemplo, Watche, N´pebe, N´cuman, N´cum, Ntrun, Fur, Nhés e Nghayé, portanto, são formas que a tribo identifica a cada faixa-etária, basta chamar qualquer um desses nomes todos já sabem que idade se está a refere.

A última etapa é o chamado “fanado”, que é reservado para as pessoas que atingem maior de idade, a pessoa nessa idade deixa de praticar tudo para se dedicar a família.

É chegado momento de apagar aquele mau nome que a etnia balanta carrega ao longo desses anos, como por exemplo, povo violento e ladrão, mostrando aos guineenses e ao mundo que o balanta é um povo humilde e hospedeiro.

“Quem conhece ou acompanha a história de balanta sabe que é a etnia trabalhadora, senão vejamos: são os balantas que trabalham nas quintas de diferentes etnias do país, contribuindo assim na criação de riqueza de muitas pessoas na Guiné-Bissau”, afirmou.

Promoção da cultura

O presidente da comissão organizadora do festival “Afro-Brassa”, Areolino Quadé, disse que trabalhou muito na promoção e na defesa da cultura guineense a nível interno, assim como externo, onde tem realizado vários eventos em prol da cultura nacional.

Segundo ele, foi com base nessa experiencia que decidiu desta vez organizar um festival somente para promover e divulgar a cultura da etnia balanta, e que isso é a apenas o começo, e já começa a pensar na organização dos próximos festivais, desta vez a nível de outras etnias.

Na sua tese, a escolha do Setor de Bissorã para a realização da primeira edição desse festival é por se tratar de zona de maior concentração da etnia balanta a nível nacional.

Areolino Quadé disse, por outro lado, que decidiu mobilizar seus colegas para organização desse evento, porque entendeu que a cultura está a perder progressivamente. Por isso, levantou para contrariar essa tendência e a forte interferência da cultura ocidental nas aldeias e/ou comunidades.

Entretanto, durante o festival foram demonstradas várias danças tradicionais, entre as quais “cusundé, biden, brocxa, balack, Ntchintché, entre outras. Portanto, o jovem Aerolino afirma estar convicto que com a realização do festival certamente vai fazer muitas pessoas “voltar” à tradição e despertar a atenção de outras etnias para a cultura balanta.

De salientar que nesse evento participaram os músicos, com destaque para Domingos Brocxa, Rei Kabila e Tamba de Povo.

Alfredo Saminanco
Conosaba/jornalnopintcha.

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