A ativista social da Guiné-Bissau Haua Embaló lançou no mercado uma linha de pensos menstruais feita com tecidos para ajudar a combater um “tabu, um problema que continua a dificultar a vida” das mulheres e meninas.
O produto chama-se Nha Lua (a minha lua) expressão em crioulo que faz uma alegoria à forma como a menstruação é designada entre as mulheres guineenses. Em crioulo da Guiné-Bissau quando a mulher está com a menstruação diz-se que está a “lavar a lua, ou viu a lua”.
Formada em administração no Brasil, mas sempre dedicada a projetos de desenvolvimento, Haua Embaló disse hoje à Lusa que ultimamente se vê cada vez mais envolvida em ativismo social, com ênfase para as questões da educação menstrual das mulheres e meninas da Guiné-Bissau.
“A menstruação é provavelmente o tabu mais antigo do mundo”, defendeu Haua Embaló, ao explicar os motivos pelos quais decidiu criar a marca Nha Lua para contrariar a tendência do absentismo escolar.
Segundo a ativista, entre 10% a 40% do absentismo escolar das raparigas em África deve-se às dores menstruais.
O penso menstrual que Haua Embaló está a propor é feito de panos de quatro camadas: Tecido africano em algodão, tecido impermeável, tecido absorvente e tecido de algodão respirável “que entra em contacto com a vulva”, explicou a criadora.
“Milhões de meninas e mulheres não desfrutam de uma vida plena por causa dos tabus e preconceitos relacionados com a menstruação. Mais do que fornecer produtos que nos permitam estar limpas, precisamos limpar a mente da sociedade acerca de algo que deveria ser natural e não vergonhoso”, observou a ativista.
Atualmente no México, onde participa num encontro latino-americano sobre questões ligadas à saúde menstrual, Embaló, convidada no evento que decorre na cidade de Guadalajara, disse ter falado aos participantes dos desafios da educação menstrual em África, dando a experiência da Guiné-Bissau.
Num contacto telefónico com a Lusa em Bissau, Haua Embaló explicou que o conceito dos pensos Nha Lua é a redescoberta de um produto “que não é tão novo para as mulheres” guineenses, “principalmente as mais velhas” que costumavam usar panos para conter o fluxo menstrual, disse.
Além de pensos menstruais, confecionados na Guiné-Bissau, Haua Embaló também junta ao conceito Nha Lua copos menstruais, também chamados de coletores, e cuecas menstruais, estes dois produtos importados.
A ativista social esclareceu que os três produtos serão comercializados, “a preços acessíveis”, numa primeira fase só em Bissau e posteriormente em todo o país.
Conosaba/LUSA/HN
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