[ENTREVISTA_dezembro-2021] O Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Guiné-Bissau na China, António Serifo Embaló, disse ter apresentado em diferentes feiras, na China Popular, produtos agrícolas e do mar (essencialmente pescado) nacionais à classe empresarial chinesa. Contudo, ressaltou que a Guiné-Bissau precisa organizar-se, em termos de código de investimento, para atrair investimento estrangeiro, sobretudo as empresas chinesas com grande capital, para investir em diferentes setores, particularmente no processamento da castanha de cajú e sua exportação.
“Devemos ter um código de investimento claro que permita que um empresário estrangeiro, seja ele chinês, indiano ou vietnamita, possa confiar nesse código de investimento. Temos um código de investimento que está a ser divulgado, mas na verdade, falta a divulgação da imagem do país e das suas potencialidades, particularmente aos empresários” assegurou o diplomata que representa a Guiné-Bissau a em 14 países da Ásia, com residência em Beijing (China).
Embaló concedeu uma entrevista conjunta ao semanário O Democrata, à Rádio Difusão Nacional e à Rádio TV Bantaba, para falar da sua missão naquele país asiático, da situação dos estudantes no período da pandemia e das ações que devem ser desenvolvidas para atrair a classe empresarial asiática, principalmente a da China.
EMBAIXADOR LAMENTA A FALTA DE PROJETOS PARA SUBMETER AO EMPRESARIADO CHINÊS
António Serifo Embaló disse que a embaixada da Guiné-Bissau em Beijing depara-se com dificuldades na obtenção de brochuras que ilustram a imagem e as potencialidades da Guiné-Bissau, tendo acrescentado que as estruturas governamentais devem ajudar na promoção da imagem do país na China.
“A China dispõe de várias oportunidades que podemos aproveitar. É uma competição que se verifica ali, porque os países vendem as suas potencialidades a empresas chinesas. Os americanos e os europeus querem investimento chinês, porque é que não vamos aproveitar as oportunidades existentes para vender os nossos produtos”, questionou para de seguida frisar que o ministério da Economia e a Câmara do Comércio devem trabalhar seriamente na divulgação das potencialidades do país, porque “a Embaixada sozinha não pode, porque também tem as suas limitações”.
Solicitado a pronunciar-se sobre as ações que devem ser desenvolvidas pelas autoridades guineenses para absorver os fundos disponibilizados pela China, no âmbito da cimeira realizada com os países africanos, António Serifo Embaló esclareceu que na verdade, esta é responsabilidade das autoridades competentes, porque “sabem o que se pode fazer para absorver esses fundos”.
“Há dois meses realizou-se uma exposição na província de Unai, na China, para a qual convidaram todos os países africanos. Fui convidado para fazer uma apresentação sobre as potencialidades da Guiné-Bissau e fiz uma apresentação online. Por causa da pandemia não consegui, deslocar-me pessoalmente. Após a minha apresentação, as autoridades daquela província solicitaram-nos um projeto na área de transformação de caju, mas foi muito difícil conseguirmos um projeto. Graças à Câmara do Comércio conseguimos na última hora submeter um projeto às autoridades chinesas”, notou.
“Deparamo-nos com muitos obstáculos neste sentido. Tenho que fazer arranjos na Embaixada para procurar informações sobre o nosso país para fazer cartazes e apresentá-los nos encontros. Não temos acesso aos materiais e aos projetos para apresentar às autoridades chinesas, particularmente aos empresários. Não estou a criticar ninguém, porque não sei quais as suas dificuldades” referiu, realçando a disponibilidade de os responsáveis da Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços que colaboraram com a embaixada na apresentação do projeto sobre a transformação da castanha de cajú submetido às autoridades de Unai.
Sobre a situação dos estudantes guineenses na China, explicou que existem três categorias de estudantes: a primeira categoria diz respeito aos estudantes contemplados com bolsas para licenciatura, a outra tem a ver com estudantes do mestrado ou doutoramento e os estudantes a título privado. Acrescentou que os estudantes a título privado deparam-se com muitas dificuldades em termos de sustentabilidade económica para viverem naquele país.
“Há pessoas aqui na Guiné-Bissau que vendem essa ilusão aos estudantes. Cobram um milhão e meio de francos CFA e às vezes chegam a cobrar dois milhões e meio. Prometem a esses estudantes que vão estudar apenas um ano a título privado e no ano seguinte mudar-se para a bolsa pública. Isto não corresponde à verdade. Se mandar o seu filho para a China a título privado, vai continuar o seu estudo a título privado até concluir, porque é difícil transferir-se para a bolsa pública”, assegurou, para de seguida frisar que os pais destes estudantes são obrigados a transferir mensalmente para os seus filhos uma quantia de cerca de 500 dólares.
Acrescentou que, muitas vezes esses estudantes recorrem à embaixada para pedir apoio e às vezes, a embaixada é acusada de nada fazer para apoiar essas pessoas, mas é bom dizer que a embaixada tem também as suas dificuldades.
Embaló disse que representa a Guiné-Bissau em 14 países da Ásia, tendo avançado que já fez a entrega das cartas credenciais via online às autoridades do Timor Leste, mas falta a entregar aos restantes países, designadamente: Japão, Índia, Coreia do Sul e Vietnam. E garantiu que o país tem boas relações de cooperação com os países sob a sua jurisdição, tendo realçado a cooperação existente com a República Popular da China.
Por: Assana Sambú
Foto: A.S
Conosaba/odemocratagb
Sem comentários:
Enviar um comentário