segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Central sindical da Guiné-Bissau pede a governantes para renunciarem a subsídios de representação


Bissau, 02 ago 2021 (Lusa) – Os funcionários públicos da Guiné-Bissau pediram hoje ao chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, ao presidente do parlamento e ao primeiro-ministro guineenses para renunciarem aos seus subsídios de representação.

"O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, o presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, e o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian, devem renunciar voluntariamente aos seus subsídios de representação", pediu Malam Homi Indjai, porta-voz da comissão organizadora dos protestos da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau (UNTG).

Malam Homi Indjai falava em conferência de imprensa para informar sobre mais um protesto a realizar na terça-feira, feriado nacional, que assinala o massacre de Pindjiguiti, quando a polícia colonial portuguesa reprimiu um protesto de trabalhadores guineenses, provocando a morte a pelo menos 50 pessoas.

Os subsídios a titulares de órgãos de soberania fixados pelo Governo e aprovados no Orçamento Geral de Estado, que incluiu também o aumento de impostos, têm provocado polémica, principalmente numa altura em que os preços dos produtos básicos aumentaram.

O sindicalista revelou que no despacho do primeiro-ministro, Nuno Nabian, datado de 12 de agosto de 2020, o subsídio diário do Presidente da República para viagens ao exterior foi fixado em 650.000 mil francos cfa (cerca de 1.000 euros), um valor que segundo a sua explicação, pode pagar 13 funcionários públicos.

"O presidente da ANP recebe um subsídio diário de 350.000 mil francos cfa [cerca de 533 euros] nas suas deslocações, o que pode pagar sete funcionários e tem um subsídio de representação mensal de mais de 10.000.000 de franco cfa [cerca de 15 mil euros], que pode pagar dezenas de funcionários públicos", indicou.

Em relação à marcha agendada para terça-feira, Malam Indjai disse que "tudo está preparado" e apelou à participação dos funcionários públicos e população em geral.

O sindicalista criticou também o facto de o Governo da Guiné-Bissau ser o único país do mundo que em plena pandemia de covid-19 criou novos impostos e aumentou outros, provocando o sofrimento na vida da população e o aumento dos preços dos produtos da primeira necessidade.

"Estamos cansados e apelamos aos dirigentes deste país para darem o exemplo de bons cidadãos e renunciarem a todos os subsídios que recebem", apelou o sindicalista.

A UNTG já entregou ao Ministério da Função Pública um novo pré-aviso de greve deverá ter início quarta-feira e decorrer até ao dia 15.

A central sindical tem convocado, desde dezembro, ondas de greves gerais na função pública, para exigir do Governo, entre outras reivindicações, a exoneração de funcionários contratados sem concurso público, melhoria de condições laborais e o aumento do salário mínimo dos atuais 50.000 francos cfa (76 euros) para o dobro.

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