quarta-feira, 1 de abril de 2020

AGRADECIMENTO DO ENG. NUNO GOMES NABIAM, PRIMEIRO-MINISTRO DA GUINÉ-BISSAU AO POVO GUINEENSE


Caros compatriotas,

Vim endereçar-vos um forte agradecimento pela forma como estão a acatar as orientações dadas pelos nossos técnicos de saúde em articulação com o governo, que nos recomendam o isolamento e os cuidados com a higiene. O nosso governo, antes de associar-se às medidas cautelares, sábia de antemão que o cumprimento das mesmas ia causar danos para a nossa população, mas perante os riscos a que as nosas vidas estão sujeitas, optamos pelo mal menor, que é o confinamento de pessoas em casa. Ao tomarmos essa medida, estávamos cientes da dificuldade com que o povo lida com a triste realidade guineense, uma infeliz relalidade que não é de hoje, mas que já atravessou décadas. Em consequência disso, decidimos eleger os problemas sociais como elemento chave no momento da tomada de qualquer decisão.
Tendo em conta à realidade económica do país, chegamos a conclusão de que:
1 - ao invés de tirarmos um pouco que temos para cada família, optamos por priorizar o salário dos funcionários públicos, apesar da dificuldade. Salário esse que, não obstante pouco, mas de alguma forma irá refletir em muitas casas da família guineense. Fazendo isso, não só estamos a honrar o nosso compromisso com os funcionários, mas também estamos a minimizar indiretamente o sofrimento de muitos guineenses nesta altura.
2 - com essa preocupação do governo em pagar salário duas vezes em apenas um mês, para nós, isso não deve ser justificado como ajuda humanitária à nossa população, mas sim como estratégia para minimizar as dificuldades abrangentes e, tendo em conta à dificuldade em resolver os dois problemas ao mesmo tempo.
Como podem perceber, a prioridade do nosso governo reside na população menos favorecida, aliás, conforme já afirmei várias vezes, no dia em que perdermos essa capacidade de manter os cuidados necessários ao nosso povo, nós mesmos iremos cessar as nossas funções como governantes. As ajudas pontuais e diretas à população carenciada, já estão a ser bem pensadas pelo governo.
Não podia ser doutra forma, pois a nossa entrada na política foi justamente depois de um aturado diagnóstico sobre a forma como o povo era/é tratado, o que não nos permite estarmos hoje a trair esse princípio que norteia a nossa motivação política. É o povo o nosso maior centro e continuará a sê-lo, com ajuda de Deus.
Falando diretamente do coronavírus, gostaria de deixar toda a população tranquila e serena, informando de que, para este caso, o nosso governo está engajado como nunca, contando sempre com os seus parceiros e todos os cidadãos de boa vontade.
Na sequência das medidas que estão a ser levadas a cabo através da comissão interministerial e os parceiros da Guiné-Bissau, estamos em condições de reforçar que as coisas estão a andar num bom caminho. Tendo como exemplo, um avião que ontem nos trouxe alguns matérias de prevenção ao coronavírus. Com esse sinal, podemos afirmar que o povo guineense não está abandonado nessa luta mundial contra covid-19. E, salientar que, nenhum país neste momento está livre de qualquer tipo de ajuda do género, até os próprios países mais avançados estão a receber apoios no sentidos de fazer face a esse mal que assolou toda a humanidade. Nessa lógica, garanto-vos de que os nossos problemas irão ter soluções adequadas, tendo em conta a vontade manifestada pelos parceiros em consonância com o plano estratégico já feito pelo nosso governo.
Em relação às preocupações de alguns cidadãos sobre as dificuldades do estado em resolver os problemas no mesmo nível que outros países, consideramos isso como legítimo, mas é importante não esquecermos da diferença que existe entre a Guiné-Bissau e esses países. A nossa maior preocupação neste momento é a vontade e o esforço de cada um, mesmo com as limitações que pendem sobre nós. Ou seja, os meios até podem faltar-nos, mas podem ficar tranquilos de que a vontade de querer fazer melhor irá falar mais alto.
Não podia finalizar esta mensagem sem apelar a população de novo, para continuar a obedecer as recomendações e a manter-se esperançosa. O povo guineense sempre foi forte, e não vai ser agora que vai entregar-se a um inimigo invisível. Sem esquecer de que, é importante deixarmos os nossos especialistas falarem, evitando assim a propagação de informações vindas de pessoas que não são da área de saúde ou que nem sequer fazem parte da plataforma encarregue de fazer pronunciamento sobre o processo.

Haja coragem e esperança!

Bissau, 01 de abril de 2020.

Atenciosamente,
Primeiro ministro - Eng. Nuno Gomes Nabiam


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