domingo, 1 de dezembro de 2019

EMBAIXADOR DE ISRAEL EM LISBOA ESCREVE CARTA A JOACINE KATAR MOREIRA

29.11.2019 17:42 
A deputada eleita pelo Livre absteve-se no voto de condenação pela "nova agressão israelita a Gaza". Em carta aberta, o embaixador de Israel pediu a Joacine de forma irónica: "Condene - sempre - Israel".

Na passada semana, Joacine Katar Moreira absteve-se no voto de condenação pela "nova agressão israelita a Gaza", apresentado pelo PCP. 

Em carta aberta no Público, o embaixador de Israel dirigiu-se à deputada eleita pelo Livre e pediu de forma irónica: "Condene - sempre - Israel".

"Por esta altura já estou em posição de lhe dar um conselho valioso, ainda que não solicitado: de cada vez que houver uma condenação a Israel, não hesite. Não repita o tremendo erro que levou os seus colegas de partido a atacá-la tanto à porta fechada como no espaço público. Always choose to be on the safe side, ou seja, condene – sempre – Israel", escreveu Raphael

Conosaba/sabado.pt/

“Escolha sempre o lado seguro”. Embaixador de Israel escreve a Joacine

A deputada Joacine Katar Moreira continua no “olho do furacão”, sendo, desta feita, visada pelo Embaixador de Israel em Portugal, Raphael Gamzou, que lhe escreveu uma carta aberta onde a aconselha a escolher “sempre o lado mais seguro”. “Condene – sempre – Israel”, sublinha ironicamente.

Depois de a deputada do Livre se ter abstido numa votação do PCP que visou condenar uma “nova agressão israelita a Gaza”, situação que despoletou um mal-estar interno no seu partido, é a vez de o Embaixador de Israel em Portugal, apontar o dedo a Joacine Katar Moreira.

Numa carta aberta divulgada pelo Público, Raphael Gamzou diz que pretende “dar um conselho valioso” à deputada, “ainda que não solicitado” para “cada vez que houver uma condenação a Israel”.

“Always choose to be on the safe side [Escolha sempre estar do lado seguro], ou seja, condene – sempre – Israel”, frisa em tom irónio Raphael Gamzou.

O diplomata começa por notar que está “ciente de que a última coisa de que [Joacine] precisa neste momento é de demonstrações públicas de empatia por parte do Embaixador de Israel”, mas vinca que não pode evitar tecer estas considerações numa altura em que há um “coro de críticas dos seus correligionários e de outras personalidades de uma esquerda solidária, igualitária e anti-colonial – baluartes insuspeitos de valores como a tolerância e a liberdade de expressão”.

“Já devia saber, Joacine, que estes valores não são aplicáveis quando se trata de Israel”, frisa o Embaixador prevendo que “o ritual automático de condenação a Israel se vá repetir, todas as sextas-feiras, na Assembleia da República”.

“E porque não lhe convém aborrecer os seus colegas do Livre. É-lhe infinitamente mais conveniente pertencer à maioria. No geral, é mais confortável deter certezas insofismáveis, não contextualizar, não pensar, não hesitar, do que ir, de quando em vez, contra-corrente. Sentiu-o na pele, Joacine”, escreve ainda o Embaixador.

Falando dos “partidos da esquerda radical, infelizmente coadjuvados pelo partido no poder (excepção feita a alguns deputados intelectualmente independentes)”, o Embaixador repara que Israel é usado “como moeda de troca para alimentar uma maioria confortável nos acordos que dela precisam”.

“No que respeita ao trabalho parlamentar, é sempre mais fácil apontar o dedo a Israel”, vinca Raphael Gamzou, lembrando que em 2018, foram mais os deputados que condenaram Israel do que aqueles que condenaram Nicolas Maduro, “o grande progressista que levou o seu povo à fome e à miséria (nomeadamente largos milhares com raízes em Portugal)”, escreve.

Falando das dificuldades nas negociações de paz ao longo dos anos e lamentando que os palestinianos não reconhecem “o direito do povo judeu à auto-determinação” que querem ver reconhecida para si mesmos, o Embaixador elogia algumas das considerações feitas por Joacine para justificar a sua abstenção, mas denota também críticas pelo facto de ela ter referido os “bloqueios económicos” de Israel na Faixa de Gaza.

“Se não fosse sensível à sua presente situação no Livre, convidá-la-ia a ir a Israel, ao terminal de Kerem Shalom, para assistir à passagem diária de 500 a 600 camiões israelitas carregados de alimentos, medicamentos e outro bens destinados à população de Gaza”, escreve o Embaixador, lembrando ainda que “centenas de palestinianos” vão, diariamente, receber “tratamento nos hospitais israelitas”.

Raphael Gamzou nota ainda que “o actual chefe militar da organização terrorista Hamas”, Yahya Sinwar, que sofria de “um tumor cerebral”, “foi curado num hospital em Israel enquanto esteve preso”.

Finalmente, o Embaixador acaba a “louvar” Joacine pela iniciativa que apresentou no Parlamento relativa a Aristides de Sousa Mendes e que visa conceder honras de Panteão Nacional ao diplomata que, durante a II Guerra Mundial, ajudou dezenas de judeus a escapar às garras dos nazis. “Nada mais Justo”, conclui Raphael Gamzou.
ZAP //

Sem comentários:

Enviar um comentário