quarta-feira, 1 de junho de 2022

Nό Misti Bai Skola.

 

Se formos analisar de forma honesta a evolução do ensino na Guiné Bissau, da independência aos nossos dias, à luz daquilo que eram os ideais da Luta e Libertação Nacional nesse sector, concluímos que o actual status quo não passa de um prolongamento deliberado da politica colonial opressiva que os sucessivos poderes políticos têm levado a cabo, para manter o povo no obscurantismo total para, entre outros motivos, impedi-lo de saber escolher, um elementaríssimo direito humano fundamental.
Nada explica que volvidos mais de 49 anos da independência nacional, as províncias não disponham de instituições de ensino superior públicas, e que aqueles que Franz Fanon chamou de “Os condenados da terra”, os “não tenhas nada”, “les non ayants droit”, continuem a viver nesta amargura de nao poderem ver os seus filhos realizar os seus legítimos sonhos de terem uma formação académica e de poderem melhor inserir-se no mercado de trabalho.
Quantas dessas crianças ou adultos, alguns sobredotados, que poderiam marcar a história do país, caso lhe fossem dadas oportunidades como as crianças dos centros urbanos?
Por que é que na Guiné Bissau ainda impera essa mentalidade de corrida ao enriquecimento ilícito, sob a capa de política, por existir impunidade no país, em vez dos “ditos políticos” pensarem nos motivos que estiveram na origem da heróica Luta de Libertação Nacional para libertar o povo do jugo colonial, luta essa para o triunfo da qual muitos dos melhores filhos desta terra ficaram pelo caminho?
Por que é que até agora (em pleno Séc. XXI) há esse desprezo total pelo sector do ensino, pilar do desenvolvimento de qualquer país, sector para o qual são sempre enviados responsáveis (ministros), que se sabe de antemão não poderem mudar absolutamente nada? Pode até admitir-se que outros sectores sirvam de laboratórios de ensaio para os (Taafur Na Fur), mas não o sector do ensino.
Se os estudantes de alguns estabelecimentos de ensino superior estão a exigir docentes mais qualificados, os poderes políticos deveriam pensar duas vezes antes de nomearem um ministro para sector do ensino.
O mínimo que se devia exigir como critério era ser detendo de um Ph.D., com muita experiência no domínio. Não basta ter apenas o Ph.D., mas também ter um bom conhecimento do sector. O mesmo se pode dizer em relação ao sector da Saúde.
Esses são dois sectores nunca deviam ser objecto de politização excessiva, como tem acontecido ao longo dos tempos, sobretudo nos governos “tchaapa tchaapa”.
É nesta legislatura que residia a esperança dos amantes do SABER, como nós, de que pelo menos 3 estabelecimentos de ensino superior seriam inaugurados nas províncias antes do final do mandato do PR, eleito a 19 de Dezembro de 2019 e empossado a 27 de Fevereiro de 2020.
Mas em vez de vermos realizado esse sonho, estamos a assistir ao surgimento de mais “golden boys”, que depois de serem nomeados, em menos de dois anos, constroem mansões, compram casas ou apartamentos no estrangeiro, ostentam posse e nenhuma palha se mexe,
Judicialmente falando. O combate a corrupção parece não abranger uma certa categoria de Guineenses.
Enquanto isso, o povo fica pávido, sereno e conformado, porque impotente para mudar o status quo, através do seu cartão de eleitor, uma vez que é mantido na escuridão ao ponto de não saber fazer uma escolha digna do nome, dos homens e mulheres que coloca a frente do nosso destino.
É precisamente para isso que os “ditos políticos” querem manter o povo no obscurantismo recusando-lhe o acesso ao SABER. Por isso é que temos tido até ministros que não sabem ler, o que impactou negativamente na classe estudantil porque muitos jovens acabaram por se desencorajar convencidos de que basta fazer “djidiundade” ou “batulandadi”, atrás de políticos, alguns muitas vezes sem escrúpulo, é possível entrar no restrito clube reservado aos HOMENS LETRADOS/DJINTIS KU TENE SKOLA.
Basta! Chega! Porque não é assim que vamos contribuir para o desenvolvimento do país.
Reconhecemos que muito foi feito nesse sector, mas é chegado o momento de se passar à velocidade superior, colocando o sector nas mãos de Guineenses preparados para o dirigir de forma a colocá-lo ao nível dos países da sub-região.
Todos juntos, poderes públicos, autoridades tradicionais e religiosas, população em geral, devemos todos juntos dar a merecida atenção ao sector do ensino, levando o SABER aos os mais recônditos cantos da pátria de Cabral.
VIVA GUINENDADI!
VIVA SKOLA PARA TODOS!
NO MISTI BAI SKOLA.
Por: Yanick Aerton

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