O assédio sexual é um fenómeno que está a ganhar proporções preocupantes nas escolas, nos espaços públicos e nas instituições do país. Uma situação que está a preocupar a sociedade e, em particular, as organizações que defendem os direitos das crianças, enquanto camada vulnerável e ameaçada com essa prática.
Foi nesse âmbito que foi lançada recentemente, em Bissau, concretamente no Liceu Rui Barcelos, o Projeto “Nô Djuda Tadja Assédio Sexual na Escola”, financiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância-UNICEF e implementado pelas organizações CODEDIC-GB (Coligação das Organizações da Defesa dos Direitos da Criança na Guiné-Bissau) e CNAPN (Comité Nacional de Abandono das Práticas Nefastas).
O projeto, com duração de três meses, visa contribuir na erradicação do assédio sexual nas escolas e intervirá, nesta primeira fase, em três zonas prioritárias, nomeadamente as regiões de Bafatá, Gabu e Setor Autónomo de Bissau, cobrindo um total de 20 escolas.
O projeto prevê ainda formar três mil alunos, através de sessões de djumbai nas escolas e indiretamente atingir 45 mil e também formar 40 pares educadores.
De acordo com o coordenador do projeto, Lindo Nhaga, prevê-se indigitar pontos focais em cada escola enquadrada para supervisionar os atos de assédio sexual e denunciá-los.
O ato do lançamento do referido projeto foi presidido pela Presidente do Instituto da Mulher e Criança, Khady Florance Correia Dabó, que realçou a importância desse projeto que, segundo ela, surgiu num momento certo em que este fenómeno está ganhar proporções preocupantes que violam grosseiramente os direitos das crianças, particularmente as meninas.
Daí, disse que deve ser criado focos específicos nas escolas que integram professores e alunos para ajudarem não só sensibilizar mas também denunciar casos de assédio sexual como forma de desencorajar a prática.
Por seu lado, o diretor-geral do Ensino Básico, Paulo Có, qualificou o assédio sexual como faca de dois gumes. Quer dizer que o fenómeno está nos dois lados, ou seja, tanto nos alunos como nos professores. Disse que os alunos provocam assédio sexual e os professores são humanos e reagem e vice-versa.
O diretor-geral do Ensino Básico pediu a maior resistência dos alunos, assim como dos professores contra atentado ao assédio sexual e disse que o Ministério da Educação colabora totalmente com esta iniciativa do projeto.
Enquanto isso, o coordenador geral da CODEDIC-GB, Al-hadje Tanzigora, disse que a sua coligação está empenhada nesta luta para combater este flagelo que está a enraizar no seio da sociedade guineense.
Agradeceu o UNICEF pela disponibilidade financeira que permite implementar este “importante” projeto que permitirá minimizar o sofrimento dos alunos vítimas desse fenómeno que, além de ser um atentado contra os seus direitos, coloca em causa a sua dignidade.
Agradeceu igualmente ao Instituto da Mulher e Criança pela colaboração, assim como a Direção do Liceu Rui Barcelos pela disponibilização do espaço e o apoio para a realização deste ato público que marca assim o início das ações de informação e sensibilização dos alunos que irá decorrer em diferentes escolas visadas no âmbito desta ação.
Ao Ministério da Educação Nacional, o coordenador da CODEDIC-GB apelou maior colaboração para o sucesso do projeto que se enquadra dentro da linha de preocupações de toda a sociedade, devido à gravidade da situação.
Por seu lado, a representante do Parlamento Nacional Infantil, Maria Juzela Djaló saudou a iniciativa e pediu a abolição do assédio sexual que viola e traumatiza as meninas nas escola e apelou às organizações da sociedade civil, autoridades públicas, direções das escolas e parceiros internacionais a continuarem envidar esforços para combater este fenómeno no meio escolar e social.
Enquanto isso, Sonia Polonio, em representação de UNICEF, enquanto entidade financiadora, manifestou a disponibilidade da sua instituição em continuar a apoiar iniciativas que visam proteger e promover os direitos da criança.
Lembrou que desde ano passado o UNICEF está a trabalhar com os parceiros no combate à violência e sobretudo ao assédio e abuso sexual nas escolas.
Igualmente, intervieram no ato o diretor do Liceu Rui Barcelos, Isídio Martins e o representante do Comité Nacional de Abandono das Práticas Nefastas, Bubacar Baldé, respetivamente.
O ato do lançamento do referido projeto culminou com a apresentação de uma peça teatral sobre assédio sexual na escola e métodos de denuncia do mesmo.
Djuldé Djaló
Conosaba/jornalnopintcha
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