quinta-feira, 1 de julho de 2021

«Cuma Americanos cu fala!» Traficantes fazem exploração sexual de menores nos Bijagós, diz relatório dos EUA


O relatório sobre tráfico de seres humanos do Departamento de Estado norte-americano, hoje divulgado, denuncia que traficantes estão a explorar sexualmente menores nos Bijagós, Guiné-Bissau, e que os falsos mestres corânicos continuam a obrigar crianças a mendigar.

"Meninas da Guiné-Bissau são sujeitas a servidão doméstica e exploração sexual em bares, boates e hotéis em Bissau. Meninas são exploradas no turismo sexual infantil no Bijagós", refere o relatório do Governo dos Estados Unidos da América (EUA).

Segundo o documento, apesar da extensão do turismo sexual infantil ser "desconhecida", é "amplamente reconhecida pela sociedade civil, organizações não-governamentais e funcionários do Governo".

"Na maior parte dos casos, franceses que possuem hotéis nas ilhas usam intermediários para explorar meninas entre os 13 e os 17 anos para turistas franceses e belgas", salienta o documento.

Fontes internacionais, citadas no relatório, relatam que os "proprietários daqueles hotéis dão emprego e apoio significativo às comunidades das ilhas, exercendo influência, que pode dissuadir as vítimas de apresentar queixa".

"Algumas famílias podem encorajar os filhos a suportar a exploração por causa dos ganhos financeiros", refere o documento, sublinhando que homens guineenses "alimentam" a procura por sexo comercial nas ilhas.

O relatório adverte que a taxa de registo de nascimento na Guiné-Bissau é inferior a 25% o que aumenta a vulnerabilidade das crianças ao tráfico.

O Departamento de Estado norte-americano refere também que há trabalho forçado na venda ambulante e no trabalho doméstico.

Há guineenses a serem exploradas no trabalho doméstico na Guiné-Conacri, Gâmbia, Senegal e Espanha.

"Há redes de traficantes senegaleses que recrutam meninas guineenses para empregos de modelo, mas que acabam sujeitas ao tráfico sexual", lê-se no relatório.

No documento é também manifestada preocupação com as escolas corânicas lideradas por falsos mestres, que obrigam os alunos a mendigar e não oferecem educação, incluindo em algumas escolas do bairro Afia, em Bissau.

"Os traficantes são principalmente homens das regiões de Bafatá e Gabu e geralmente são conhecidos dentro das comunidades onde operam", salienta o relatório.

Segundo o documento, os falsos mestres corânicos cada vez mais forçam meninos da Guiné-Conacri, Gâmbia e Serra Leoa a mendigar em Bissau, explorando a fragilidade das instituições e das fronteiras da Guiné-Bissau.

Por outro lado, levam para o Senegal, Mali, Guiné-Conacri e Gâmbia meninos guineenses.

Conosaba/Lusa

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