Por: yanick Aerton
O diálogo é um
instrumento que aproxima os atores políticos e permite resolver todos os
obstáculos ao entendimento e ao compromisso.
Mas para que o diálogo
prospere, é fundamental que as partes em presença ponham em cima da mesa todas
as questões e discuti-las com seriedade para que seja um diálogo win-win,
e que os interesses das partes sejam devidamente salvaguardados.
Se ontem, dia 11 de
Novembro de 2020, em Côte d’Ivoire, precisamente no Hotel
Golf, onde ambos estavam «bunkerizados» durante a guerra civil
ano de 2010 que levou ao derrube do ex-PR Laurent Gbagbo, o PR
Alassane Ouattara e o ex-PR Henri Bedie, que continua a não
reconhecer a vitoria do Ouattara, se sentaram e conversaram
sobre a procura de soluções para a grave crise pós-eleitoral, não vejo por que
razão o DSP e o PR Umaro Sissoco Embalo não podem
conversar como irmãos, suma ermon garandi cu ermoncinho, para
debaterem as grandes questões que os distancia um do outro, para assim
contribuir para um ambiente mais saudável entre os apoiantes das duas partes.
Sem estar a comparar as
duas realidades, mas se formos honestos, vemos nessas duas realidades uma certa
similitude. Ora vejamos:
O PR Alassane é um dissidente
do PDCI-RDA,
o PR Embalo,
não é um dissidente do PAIGC, mas por estar de costas
viradas com esse partido, aderiu ao projecto que viria a transformar-se no
grande partido político, o MADEM G15. Significa isso que os partidos
originários dos dois são o PDCI-RDA e o PAIGC, respectivamente.
Por isso, as boas
vontades têm de intervir para que essas duas figuras dialoguem de forma a
contribuir para o reencontro da grande família da esquerda da política
Guineense, em particular, e a reconciliação de todos os Guineenses, em geral.
Se ainda não o fez, o PR Umaro
Sissoco Embalo deve estender a mão desde já ao líder do PAIGC, Eng. Domingos
Simões Pereira, para um tête-à-tête porque o país precisa que os seus
filhos se reencontrem e concentrem todos seus esforços nas tarefas da (ré)
construção nacional.
Que o PR Embalo
decida sobre o futuro do Aristides Gomes, convidando-o a
abandonar as instalações da Nações Unidas e, se processo houver, aguardar em
casa, na esperança de uma justiça equipável e justa, porque a sua continuidade
ali não contribui para a boa imagem do país, independentemente dos crimes que
supostamente possa cometer.
Os Guineenses têm de
abandonar a lógica da força, do matchundadi, do ódio, da vingança e
de todos os males que caracterizam os povos satânicos. Bu sibi âmi I Kim?
Não estejamos com
ilusões, quem tem o verdadeiro poder é ALLAH/DEUS, que delega uma pequenina
parte desse poder a quem quiser, razão pela qual devemos ser racionais.
Somos todos Guineenses,
ninguin ka mas si cumpanher. (E terra cu no djunta i di nos tudo)
Pelo facto de estares a desempenhar um alto cargo no Estado, ou teres a
oportunidade de ganhar algum dinheirinho ou de, por falta de escrúpulo, teres
desviado o dinheiro do Estado que a todos nos pertence e hoje estares a
ostentar impunemente essa riqueza adquirida ilicitamente, não faz de ti mais
Guineense.
O PR Embalo não tem nada a
perder, pelo contrário o seu poder sairá mais reforçado e estará a prestar um
bom serviço, caso se dignasse enveredar por esse caminho, o do “rassemblement”,
da CONCÓRDIA,
que tem sido a sua divisa durante toda a campanha eleitoral - a CONCÓRDIA
NACIONAL.
O Eng. Domingos
nunca deve recusar a mão estendida do PR Embalo, se for convidado, porque o
país e o próprio partido que dirige é que serão os principais ganhadores. É
verdade que o DSP teve o apoio de muita gente que vive lá fora, ma
itchiga hora di bo tira fidju di djinti pé na pito.
Há a necessidade da
construção de um ambiente político de maior confiança para que os potenciais
investidores se sintam encorajados a fazer da Guiné-Bissau o seu
destino privilegiado.
O lugar do Eng.
Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, é no pais que o viu nascer, a
Guiné-Bissau,
onde sempre deu a sua valiosa contribuição, primeiro como técnico, depois como
quadro dirigente, para mais tarde assumir o cargo de Secretário Executivo da CPLP,
lugar coube a Guiné-Bissau, no quadro da rotatividade por ordem alfabética.
Se para uns, o DSP
é um inimigo e um alvo a abater, para outros, é um quadro útil que tem muito
para dar ao seu país, tendo em conta a sua preparação académica e vastíssima
experiência técnico-profissional e de leadership, devendo por isso merecer a
consideração dos seus concidadãos.
Os Guineenses têm de se
habituar a respeitar aquele que alguma vez desempenhou um alto cargo, ma li
ninki
Jesus ou Muhammad cu bin mas, icana ligadu. Forte púbis
malbencido! Li ninguin ica ninguin! Triste!
A postura política do DSP
pode até ser reprovável (quando deu O DITO POR NÃO DITO, depois
de reconhecer a sua derrota e felicitar por telefone o então candidato USE),
mas há gente que vê nisso uma forma de defender aquilo que ele entende ser
correto e que outros condenam.
É a política, e tudo isso
faz parte da política, por isso não devemos
transformar-nos em INIMIGOS DECLARADOS.
Tristemente, nas nossas
sociedades os menos capazes são os que se regozijam com o afastamento daqueles
que estão melhor preparados, assim para poderem preencher o espaço deixado por
eles. E tem sempre sido assim, sobretudo na Guiné-Bissau, onde os
mais preparados foram sempre e continuam sendo combatidos, sem tréguas. Isso
tem de acabar para reconstruirmos aquela confiança que ontem fez de nós, o
melhor povo.
Não pretendo com este
artigo fazer outra coisa que não seja convidar os mais radicais de ambos os
lados a saírem desse ghetto do ódio e da vingança, para nos reabraçarmos e
caminhos juntos.
Isso não significa que se
o
DSP regressar ao país, ele vai abandonar a sua luta pela conquista do
poder político. Longe disso! Cada um dos atores políticos está na política com
o objectivo de conquistar o poder, mas isso não deve transformar-nos em
inimigos, como disse atrás, e quando a pátria nos chama, devemos responder – PRESENTE.
Que o DSP regresse e se
concentre na organização do PAIGC e fazer uma oposição
construtiva, enquanto se prepara para os futuros embates políticos.
A Guiné-Bissau precisa de
todos os seus filhos, portanto que cada um procure pagar o seu “kinhon”
na construção deste edifício!
VIVA A GUINENDADI!
Sem comentários:
Enviar um comentário