sábado, 22 de fevereiro de 2020

ECONOMISTA GUINEENSE ALERTA QUE CRÉDITO MAL PARADO À BANCA GUINEENSE ASCENDE A 230,3 MILHÕES DE EUROS

O economista Aliu Soares Cassamá, que hoje lançou um livro sobre a banca na Guiné-Bissau, alertou para o volume do crédito mal parado, que totalizará 250 milhões de dólares (230,3 milhões de euros), metade da dívida pública do país.

“Esta situação, por si só não se resolve sem a intervenção do Estado que tem que ajudar a banca guineense em recuperar o crédito mal parado”, defendeu Soares Cassamá, ao resumir as vulnerabilidades que disse pairarem sobre a economia da Guiné-Bissau.

O autor do livro “A Banca na Guiné-Bissau” sustenta a sua preocupação com a constatação no mesmo sentido feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, que alertam que o crédito mal parado é a principal vulnerabilidade da banca e consequentemente da economia guineense.

Mestre em economia, formado em Portugal e bancário na Guiné-Bissau desde 2008, Aliu Soares Cassamá apontou ainda como “outras vulnerabilidades da banca guineense” uma fraca cobertura dos bancos comerciais, que não vão além dos centos urbanos e a ausência do capital guineense na estrutura acionista dos bancos.

O economista referiu que dos cinco bancos comerciais existentes na Guiné-Bissau, todos contam com estruturas acionistas constituídas por estrangeiros, com exceção do Banco da África Ocidental (BAO), detido maioritariamente pela ‘holding’ Geocapital, mas que tem uma participação residual de guineenses.

“Se esta situação se mantiver, a longo prazo, a Guiné-Bissau corre sérios riscos de ter um sistema financeiro, absolutamente falido”, alertou Soares Cassamá, chamando a atenção para o facto de a Guiné-Bissau ser um “país propenso ao branqueamento do capital”, devido à forma como o risco do crédito é gerido.

Presente na sessão de lançamento do livro, a presidente da Associação dos Bancos Comerciais, Ausenda Cardoso, apontou outros desafios para o setor bancário, nomeadamente o aumento do nível da literacia bancária, da taxa de bancarização, a diminuição da elevada carga fiscal sobre os bancos e o reforço do sistema judicial na execução das garantias.

Revisora científica e antiga professora do autor do livro na Universidade Autónoma de Lisboa, Sandra Ribeiro, fez a apresentação da obra, publicada pelas Edições Sílabo, e enalteceu o contributo que poderá trazer para o sistema bancário e académico guineense.

A obra de Aliu Soares Cassamá contou com o prefácio de Mamadu Fadia, ex-ministro das Finanças e antigo diretor do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) na Guiné-Bissau.

Conosaba/Lusa

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