25 Fevereiro 2020 — 11:16
O líder que em 2011 foi derrubado por uma revolta popular tinha 91 anos.
Após 30 anos no poder no Egito, em 2011 Hosni Mubarak foi derrubado por uma revolta popular no âmbito da Primavera Árabe. Morreu esta terça-feira no hospital militar de Galaa, no Cairo. Tinha 91 anos.
A morte de Mubarak foi confirmada à AFP pelo seu cunhado, o general Mounir Thabet. Este garantiu que o funeral será organizado pela presidência do Egito.
Condenado a prisão perpétua por não ter impedido as forças de segurança de matar mais de 800 manifestantes durante a revolta popular, foi transferido para a prisão de Tora, nos arredores sul do Cairo. As imagens do antes todo-poderoso Mubarak a ser julgado em tribunal dentro de uma espécie de jaula correram mundo.
Em 2017, aquele que era conhecido como o último "faraó" do Egito, foi libertado, tendo sido ilibado da maior parte das acusações.
Nascido numa pequena aldeia da província de Menofya, no Delta do Nilo, em 1928, Mubarak formou-se aos 21 anos na Academia Militar Egípcia. No mesmo ano, em 1949, transitou para a Força Aérea.
Já chefe do Estado-maior da Força Aérea durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973, Mubarak tornou-se numa figura de destaque, devido ao papel da aviação egípcia no conflito. Em 1974, foi promovido a marechal. Um ano depois, seria escolhido para a vice-presidência do país.
Durante as décadas de 1980 e 1990, Mubarak venceu três eleições sem oposição. Só em 2005 é que a oposição foi a votos, após intensa pressão internacional.
A 1 de fevereiro de 2011, dez dias antes da queda do seu regime pela força dos protestos da praça Tahrir, Hosni Mubarak afirmou num discurso à nação que tencionava morrer no Egito.
Casado com Suzanne Mubarak, tinha dois filhos, Alaa e Gamal Mubarak. Este último foi, durante muito tempo, falado como o mais provável sucessor do pai na liderança dos destinos do Egito. Ambos estão detidos por manipularem a bolsa de valores.
Um sobrevivente
Ao longo das três décadas em que esteve no poder, Mubarak foi reconhecido como um sobrevivente em todos os sentidos, tanto político como físico, ao escapar ileso de pelo menos seis tentativas de assassinato.
A 6 de outubro de 1981, assistia ao lado do então presidente egípcio Anwar Sadat a uma parada militar no Cairo. Sadat seria assassinado nesse dia por radicais islâmicos. Oito dias depois, Mubarak, na altura vice-presidente, tornava-se o sucessor de Sadat.
O militar transformava-se no rosto de um regime autoritário, que os egípcios encararam durante décadas como uma dinastia de estilo faraónico. O estilo rígido e austero como conduziu o país deu estabilidade interna ao Egito durante anos e a aliança privilegiada que manteve com os EUA foi um garante para a influência externa do país.
Em atualização
Sem comentários:
Enviar um comentário