A alta competição desportiva deve ser entendida como um sistema cujo objectivo é alcançar os melhores resultados possíveis a nível nacional e internacional, que tem como base um conceito de desenvolvimento desportivo apontado para a criação de condições sociais possibilitadora de acesso de todos os cidadãos à prática da educação física e de desporto.
- Se estrutura orgânica e temporalmente, através de acções programadas de detecções de talentos, formação, orientação e especialização desportiva
O treinador deve posicionar-se no contexto de alta competição, não só através dos aspectos específicos da intervenção no treino e na competição, mas também e muito especialmente pelos contributos dados para que ela constitua um modelo positivo para a prática desportiva em geral.
Só a partir de uma alta competição correctamente orientada se tornará possível influenciar decisivamente todos os restantes sectores de prática desportiva, através do aproveitamento de entusiasmo popular gerado ao seu redor como meio motivador da sociedade em geral e dos jovens em particular para a prática do desporto.
Ao serem formalizados medidas legislativas no sentido de enquadrar competição no sistema desportivo nacional foi dado um passo importante, embora legislar não baste! A lei avançou com um conceito novo, mas a realidade sociedesportiva nacional tem procurado resistir à inovação necessária!
Quer a aceitem ou não, a alta competição como espectáculo desportivo transformou-se num “produto” cuja “venda” é tão viável quanto a “procura” representada pelo interesse popular, seja maior que a oferta expressa pelo número de jogos e lugares existentes nos recintos desportivos.
Tal como qualquer outro “produto”, a alta competição requer uma “embalagem” motivadora, através de recintos modernos e cómodos, clubes organizados e jogadores capazes de proporcionarem espectáculos e diversões. Exige do Estado, dirigentes especialistas, em dedicação plena as suas funções, autênticos vendedores experimentados capazes de aumentarem o gosto do público pagante.
Todos sabemos que os interesses de alta competição fazem prevalecer junto dos dirigentes, treinadores, jogadores e árbitros, uma lógica de intervenção muito pressionada pelos aspectos económicos, pelo que eles não podem nem devem permitir que sua acção sociodesportiva-cultural se deixe circunscrever essa perspectiva quase exclusivamente mercantilista, como acontece na nossa selecção.
Mais uma vez ao Estado Guineense face à sua obrigação de fornecer os apoios sociais necessários para que esses especialistas sirvam as condições instalacionais, materiais, escolares, de transportes, de cuidados médicos, familiares, etc. Que lhes possibilitem a dedicar-se em tempo pleno à alta competição. Somos, aliás do ponto de vista pessoal, um exemplo claro dessa mesma falta de apoio.
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