segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

«OPINIÃO» "O INFINDÁVEL JOGO DE INTERESSES NO PAIGC" - FAFÁ CONTÉ


Os problemas no seio do P.A.I.G.C, convém que se diga, embora se tenham ocorrido em tempos e entre personalidades diferentes, mantêm-se no essencial o mesmo cariz: constantes lutas interna pelo poder por parte daqueles que considero de kabalidus, amontons, ambiciosos… que apesar de se autodenominarem grandes políticos, intelectuais, competentes… fazem da política a profissão habitual (o modo de ganhar a vida). O que equivale a dizer que, só trabalham quando ocupam cargos políticos, facto que impossibilita as suas serenidades quando não conseguem lugar di máma táku, lutando a todo o custo para fracassar o seu próprio Partido, salvaguardando assim os seus interesses pessoais.    

Havendo esta realidade, senti o impulso de recuar no tempo, revisitando e trazer a colação, um dos ensinamentos do Amílcar Cabral que se transcreve a seguir: “Nem todos são do Partido”. Estas palavras servem para significar que os militantes do P.A.I.G.C-Presidência, embora tenham preenchido o requisito formal para serem do Partido, carecem ainda daquilo que eu considero o mais fundamental que é o requisito substancial. Porque na verdade, apresentam certas particularidades que me permitem efectivamente aproximá-los dessa realidade. Contudo, faço, em termos muito sumariado, uma pequena retrospectiva da situação em apreço.

Logo após o último Congresso do P.A.I.G.C em que Domingos Simões Pereira foi eleito presidente do Partido, realizaram-se eleições no Comité Central para a escolha da figura que representava o Partido nas presidenciais de 2014 na qual José Mário Vaz, um dos concorrentes (mas sem grande influência no Partido), mereceu a confiança da maioria dos membros do Órgão supra citado com apoio do Braima Camará (adversário directo do DSP no referido Congresso), mas sem apoio deste último. Depois da vitória nas eleições gerais, Braima Camara voltou a ser derrotado desta vez, no Comité Central por Cipriano Cassamá na escolha da figura que o Partido iria propor ao cargo do Presidente da ANP. 

A partir dessa altura, criou-se “tacitamente” um grupo dos militantes descontentes na Presidência a que se vieram a juntar outros Camaradas entre os quais se destaca, Baciro Djá que inicialmente estava ao lado do DSP tanto no Partido como no Governo liderado por este no qual ocupava o cargo do Ministro da Presidência do Conselho de Ministros e mais tarde exonerado do cargo em resposta ao seu próprio pedido. Dois meses depois, foi nomeado a cargo do Primeiro-Ministro através de um decreto-presidencial mas, que posteriormente foi declarado inconstitucional na forma e na matéria pelo Supremo Tribunal de Justiça. 

Assim, há coisas que me parecem certas: Braima Camará, como se afigura óbvio, não tem conformado com o resultado do Congresso, o Presidente José M. Vaz visivelmente preocupado com o seu segundo mandato, Baciro Djá, pelos vistos, inconformado com o cargo político que lhe foi atribuído e muitos outros que não conseguiram cargos ministeriais são estes, entre outros, factos que têm constituído grandes obstáculos ao DSP não só na sua acção governativa como também no processo da edificação da coesão interna no seio do Partido, em consequência disso, o 1º Governo absorveu apenas ¼ de tempo do seu mandato e o 2º está também na iminência do mesmo caminho, facto que lamento bastante!
Tendo em conta as considerações feitas, é de extrema importância sublinhar que hoje nem DSP, nem tão pouco Jomav ou Braima Camará muito menos ainda Baciro Djá pode satisfazer os interesses pessoais de todos os militantes do P.A.I.G.C, sobretudo os já viciados, interesseiros, inconformados, os que ka tene partidu na korson, mas apenas precisam dele para alcançarem os fins pessoais e tornarem os seus sonhos numa realidade! É bom que isto fique claro.

A verdade é que os “não agradados” juntam-se sempre a parte mais forte (neste caso, o Presidente da República) para provocar a queda da mais fraca (PM). Para evitar isto, a parte mais forte há que estar apetrechado duma certa maturidade política para que possa naturalmente compreender e lidar com situações dessa natureza e saber enfrentar os desafios delas resultantes. Poupem-nos o P.A.I.G.C!

Com efeito, na minha modesta opinião, a partida, o P.A.I.G.C não é um “Bom Partido”, mas também de entre todos os Partidos que ainda temos na Guiné (até neste preciso momento que estou a redigir este artigo), o P.A.I.G.C é melhor que todos. Por isso mesmo, as consequências que advêm dos seus problemas interno não se sentem apenas na si kintal, mas antes, repercutem-se fortemente na vida de todos os guineenses, sobretudo os mais carenciados, de maneira que devem pôr fim aos problemas dessa natureza no seio do partido. Parem e Pensem por favor!     

Na linha do exposto, acrescenta-se ainda que se hoje temos um país tão pobre como este, não tem que ver com a falta dos recursos naturais, nem tão pouco de quadros competentes, muito menos de apoios dos parceiros internacionais, mas sim, tem que ver com as nossas próprias atitudes que não se enquadram nos padrões de comportamento de um patriota que coloca os superiores interesses da nação no ápice da pirâmide dos seus interesses.    

Assim sendo, é não só urgente como também absolutamente necessária que haja uma acção interventiva no campo político dos guineenses academicamente qualificados, sobretudo imbuídos do espírito de patriotismo para que possamos efectivamente resgatar o País do marasmo em que se encontra desde o advento da independência política até a data presente. Antes pelo contrário, nunca mais sairemos dessa situação e o futuro do povo guineense continuará sempre a ser adiado pelos políticos aventureiros que nem sabem o que significa “fazer política”, interesseiros, prepotentes, fisir-wallés e por cima de tudo, fundamentalistas que pretendem dividir os guineenses com base nos fundamentos étnicos e religiosos só para realizarem as suas ambições pessoais. Por favor, Mudem as vossas atitudes!


Um muito obrigado!    

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