A oficialização do crioulo em Cabo Verde está no centro de uma polémica política e linguística que desperta paixões no país. No final da anterior legislatura, em 2010, o Parlamento não aprovou a oficialização da língua nacional e o Governo volta à carga, anunciando que pretende avançar com o processo antes do final da actual legislatura, que termina em 2016.
A linguista cabo-verdiana Adelaide Monteiro afirmou à VOA que já tarda a oficialização do crioulo e a introdução do bilinguismo no sistema de ensino no arquipélago.
Embora haja resistência de alguns intelectuais, Monteiro considera que se trata de um direito valorizar-se a língua materna.
Por outro lado, linguista desmitifica a ideia de que o ensino do crioulo possa atrapalhar a língua portuguesa.
Segundo ela, o cepticismo de determinadas personalidades nada tem a ver com a situação de prejudicar ou não o português, mas talvez tenha outras causas.
A técnica Instituto do Património Cultural defende a criação de mecanismos para o reforço do ensino de outras línguas, nomeadamente o português, mas ressalva a necessidade de se oficializar a língua cabo-verdiana, permitindo desta forma, a opção de escolha aos cabo-verdianos nos estabelecimentos do ensino.
No que toca a questão das variantes, Adelaide Monteiro reconhece que isso implica algumas reflexões, mas afirma que não dificulta o processo de oficialização da língua cabo-verdiana.
Entretanto, a oficialização da língua cabo-verdiana e a sua utilização no sistema de ensino não são bem vistas por alguns entendidos na matéria.
Para a docente Ondina Ferreira, trata-se de uma matéria que não devia ser forçada, já que o crioulo está intimamente ligado ao português.
A antiga ministra da Educação realça que o crioulo já é muito falado em casa, na administração pública e na própria comunicação social, por isso não aprova a introdução do bilinguismo no sistema de ensino, pois segundo Ferreira, a escola tem sido o único lugar que ainda resta para se ensinar a língua portuguesa.
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