A oncologista cabo-verdiana Hirondina Spencer considerou hoje que o aumento de número de casos de cancro por ano em Cabo Verde "é alarmante", atingindo uma média anual entre 350/400 novos casos.
Em entrevista à agência de notícias cabo-verdiana Inforpress, a especialista, que coordena o combate à doença no Hospital Agostinho Neto, referiu que a falta de equipamentos obriga a tratamentos no estrangeiro, com os inerentes custos.
Numa altura em que se celebra, hoje, o Dia Mundial de Luta contra o Cancro, Hirondina Spencer salientou que apenas a capital cabo-verdiana dispõe de equipamentos para quimioterapia, recebendo os doentes das restantes oito ilhas que, nos casos mais complexos, obriga à transferência dos pacientes, sobretudo para Portugal.
"Mesmo sem um registo nacional sobre o surgimento de novos casos, a situação de cancro é alarmante, porque realmente está a aumentar. Por ano, recebemos no Hospital Agostinho Neto uma média de 350 a 400 casos novos", precisou.
Segundo Hirondina Spencer, os tipos de cancro mais frequentes nas mulheres são o do colo uterino e da mama, que são também os que têm mais doentes transferidos para tratamento, por precisarem de fazer a radioterapia que não existe no país.
Nos homens, os tumores de vias digestivas e o cancro da próstata são os mais frequentes, acrescentou.
Sobre o lema deste ano, "Vencer o Cancro Está ao Nosso Alcance", a oncologista cabo-verdiana lembrou que a doença é uma das principais causas de morte no arquipélago.
"Podemos mudar de estilo de vida, ter um tratamento disponível, investir nos recursos materiais e humanos para tratamento, apostar na prevenção e diagnóstico precoce para evitar o cancro", sustentou.
Todos os anos, a 04 de fevereiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alia-se à União Internacional Contra o Cancro (UICC), a fim de promover a luta contra a doença.
A efeméride, aprovada na Carta de Paris a 04 de fevereiro de 2000, na Cimeira Mundial Contra o Cancro para o Novo Milénio, é um instrumento que visa chamar a atenção de líderes governamentais, gestores de saúde e formadores de opinião para reduzir até 2020 a doença que ameaça as futuras gerações em todo o mundo.
Estima-se que o número de casos de cancro e mortes relacionadas a nível mundial venha a duplicar nos próximos 20 a 40 anos, especialmente nos países em desenvolvimento, os menos equipados para lidar com o impacto social e económico da doença.
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