terça-feira, 2 de dezembro de 2014

GUINÉ-BISSAU TEVE "BOA CAMPANHA" DE CAJÚ, MAS CONTINUA A FALTAR DINHEIRO PARA COMER - FAO


O caju, principal fonte de rendimento das famílias da Guiné-Bissau, foi este ano vendido a bom preço, mas a população continua a ter dificuldades para comprar alimentos, alerta a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, sigla inglesa).

"A campanha de comercialização da castanha de caju, este ano, é considerada boa relativamente aos preços praticados", destacou o documento de avaliação da campanha agrícola na Guiné-Bissau a que a Lusa teve hoje acesso.

No entanto, "os efeitos combinados do fraco rendimento de uma boa parte da população e os níveis dos preços dos produtos alimentares de base não deverão melhorar o acesso das populações aos produtos alimentares", acrescentou.

Olhando para a situação do país, a situação alimentar "continua difícil, mas não é alarmante", pelo menos de uma forma generalizada e "em todas as regiões".

De acordo com os dados da FAO, a campanha de comercialização da castanha de caju foi este ano "melhor que a de 2013", com um aumento do preço no produtor de 125 a 150 francos CFA por quilo para 250 a 350 francos CFA por quilo de castanha de caju.

Só que, por outro lado, nos mercados "há uma tendência para a subida de preços, em particular de arroz, óleo alimentar, açúcar e farinha de trigo".

Os preços do gado "são também considerados elevados nos mercados visitados em todas as regiões", acrescentou-se no documento.

Rui Fonseca, encarregado da FAO em Bissau, disse à Lusa que o diagnóstico deve levar o governo e parceiros a reforçar a implementação do plano de salvação do ano agrícola, esboçado há alguns meses pelo executivo.

Por outro lado, recomenda que se esbocem já medidas de apoio ao próximo ano agrícola e que o setor seja considerado prioritário na mesa redonda de angariação de fundos junto de parceiros internacionais que a Guiné-Bissau deverá organizar em fevereiro, em Bruxelas.

A avaliação da campanha agrícola na Guiné-Bissau é feita todos os anos pela FAO, em conjunto com o Programa Alimentar Mundial (PAM), o governo guineense e o Comité Permanente Inter-estados de Luta Contra a Seca no Sahel (CILSS).

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