Sobre o famoso áudio de insultos que está a circular Desde do dia, 4 de Outubro de 2021, sobre o “Estado da governação do pais”, que nesse áudio e considerado de desastroso, gostaria que me fosse permitido tecer as seguintes considerações:
1. De facto, a situação do pais, no geral, não está boa. Ha muito “laisser faire laisser passer”, no absoluto silencio dos competentes órgãos encarregues de retificar o tiro, isto e, de pugnar por uma governação que corresponda aquelas expectativas do povo, na altura em que decidiu pela alternância, se e que podemos falar de alternância, considerando o crime que está a ser cometido sobre esse mesmo povo.
2. O movimento que está na origem desse áudio não disse nada mais nada menos do que e já do conhecimento público. Mas esta e a voz que mais alto fala dessa problemática, razão pela qual merece até certo ponto, uma atenção particular, porquanto permite aos menos atentos a se questionarem sobre a continuidade ou não deste regime doentio.
3. Na verdade, o que e desejável, e que os melhores filhos da Guine Bissau, os mais técnica e politicamente preparados, íntegros, honestos, patriotas, governem ou dirijam as instituições da Republica. Mas isso e um desejo, o que e diferente da realidade, na ótica política, pois ai são os interesses que comandam as nossas decisões.
Na Guiné-Bissau, já vimos de tudo, sobretudo depois das vitorias do PRS em 1999/2000, nas legislativas e presidenciais respectivamente, em que apareceram Guineenses cujo primeiro emprego foi de membro de governo, o que para muitos, era normal e aceitável, porque aquele partido não ia fazer omeletes com os ovos de que não dispunha, isto e, não ia ganhar as eleições para depois transferir a governação aos quadros estranhos ao partido, em detrimento dos seus quadros.
Apesar desse argumento, forte para os defensores dessa lógica, mas o bom senso aconselhava que o PRS escolhesse os bons quadros, para suprimir esse défice, o que não foi feito e acabou por conduzir o pais do desastre, fatura essa que ainda estamos a pagar.
A história de “serpente nguli dinheiro” e tantas outras práticas próprias de equipa de amadores, pois o próprio líder nunca se tinha destacado na gestão de coisa alguma, são disso exemplos tristes.
4. Escutei o áudio com muita atenção, mas fiquei um pouco perplexo quando oiço, de novo, essa velha retorica ou argumento de “quatro donas”, como condição SINE QUa Non para o exercício de cargos políticos ao mais alto nível, a presidência da republica, por exemplo.
Ouvir esse tipo de discurso em pleno Sec. XXI, da parte de quadros que supostamente pretendem constituir-se em alternativa, faz-me calafrio, e a conclusão a que chego e que de facto a nossa juventude deve estudar, deve ler muito, deve pesquisar, deve procurar conhecer a história da África e sair deste buraquinho chamado Guiné-Bissau, em termos de visão.
Aqueles combatentes da liberdade da pátria (CLP) a que o áudio faz referência, foi precisamente o que fizeram, por isso e que tem outra leitura sobre esse critério que muitos gostariam de ver instituído como uma das condições para se candidatar ao cargo de presidente da república.
Ha tantos exemplos que chumbam esse falso argumento, como critério de melhor desempenho, e no próprio pais, vimos acompanhando os comportamentos dos defensores de “quatro dona”, versus os demais Guineenses.
90% da gatunagem que se pratica ou que se tem praticado no pais provem precisamente desses que se julgam mais legítimos para estarem a frente dos destinos deste pais.
Que me seja permitido fazer esta pergunta:
- qual e o dirigente, no passado ou presente, que não tem “4 donas” que no exercício de funções no estado ou mesmo depois, esteve a comprar ou comprou sumptuosos bens imobiliários na cidade de Bissau, apartamentos ou casas de luxo em Portugal, Franca e Senegal?
- quem e que não assistiu ou está a assistir à corrida a aquisição de bens imóveis, a construção de mansões por todo o lado na grande Bissau, por parte de governantes soi-disant de 4 donas?
Concordo, sim, que se critique a atuação do Presidente USE, mas não e por esse angulo e que deve ser atacado, porque o efeito nocivo pretendido não será atingido, porquanto as pessoas não são “bobas” e sabem distinguir o alho do bugalho. O que se pretende do Presidente USE e que exerça, e bem, o seu papel de arbitro e defensor número um dos interesses deste povo e não de grupinhos. Ai e que ele está a falhar devendo, urgindo mudar sob pena de ver o povo voltar-lhe as costas. E que tenha a mão dura sobre os seus colaboradores, levando-os a cumprir com os seus deveres e obrigações, em prol do desenvolvimento do pais e do bem-estar do seu povo, mas também mostrando ser o exemplo.
Ainda há um aspecto muito importante a ter em conta em relação a esse tipo de movimentos, e bom que a frente das mesmas se faça uma seleção rigorosa sobre as lideranças que inspirem confiança, seriedade, honestidade, capacidade e compromisso patriótico.
O grande mal que temos feito ao longo dos tempos e de promover os mais corruptos, em vez de leva-los a justiça e confiscar os bens que adquiriram ilicitamente. E esses corruptos existem em todos os partidos, mas de forma muito mais notória naquele partido que sempre vai “as penduras” porque nunca ganha as eleições.
Estas minhas considerações não tiram nada do valor do áudio, mas tão somente chamar a atenção sobre alguns aspectos em relação aos quais e preciso acautelar-se para não sermos catalogados de segregacionistas ou xenófobos.
Para conhecimento dos que, se calhar não sabem, a atual embaixadora do Senegal em Cuba e Mancanhe, filha de um ex prestigiado oficial militar Senegalês, da etnia Mancanhe. Neste preciso momento em que escrevo estas considerações, a maior comunidade Guineense na Gambia, e constituída por membros da
Etnia Balanta, que por descobrirem o valor da emigração, suplantaram os Manjacos. E nesses países, os critérios para a eleição ao cargo de Presidente da República e ser cidadão nacional, nascido no pais e não naturalizado, noutros casos, de pai ou mãe natural do pais.
Se se baseasse apenas na 4 donas, o Abdoulaye Wade, cuja mãe e de origem Guineense, não seriam a opção para dirigem os respectivos países.
Aconselho enterrarem definitivamente esse falso argumento, de complexo de inferioridade, porque o próprio coordenador do movimento “ka tene quatro donas Guineenses”.
Continuem na vossa caminhada, mas defendendo sempre a verdade!
P.S.:
Procurem documentar-se, associar-se aos outros e saiam desse ghetto de “short mindedness”, visão de meia palma, pois a Guine Bissau e continuará a ser multirracial, multiétnica e pan-africanista e virada ao mundo globalizado.
FORÇA DJURTUS MATCHUUUUU.
Por: yanick Aerton
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