A jornalista guineense Laércia Insali ganhou o prémio do melhor trabalho de investigação, num concurso da agência de notícias britânica Reuters, com um olhar sobre o descontrolo das fronteiras do país, disse hoje à Lusa a própria profissional.
Aluna de jornalismo na Universidade Lusófona de Bissau e já colaboradora de uma agência de notícias na Guiné-Bissau, a CAP GB, Insali, de 22 anos, viu o seu trabalho premiado num concurso em que participaram também jornalistas de Angola, Cabo Verde e Moçambique.
A jovem jornalista investigou as razões que levam o Estado guineense a "perder avultadas somas em dinheiro" nos postos de fronteira comum com países vizinhos, Senegal e a Guiné-Conacri, e concluiu que "há um descontrolo total".
Laércia Insali, antiga estagiária na rádio Bombolom FM (estação privada), tomou como caso de estudo o processo de comercialização da castanha de caju na Guiné-Bissau, principal produto agrícola e de exportação do país.
A jornalista entrevistou responsáveis de empresas de exportação do caju, líder dos agricultores, agentes de fiscalização, agência de regulação do caju e ainda falou com os habitantes das zonas fronteiriças da Guiné-Bissau com os dois países vizinhos.
"Constatei que falta uma organização interna, o que faz com que haja uma acentuada perda de receitas, avultadas somas, que poderiam reverter para o Estado", lamentou Laércia Insali.
A jornalista concluiu que os agentes de fiscalização nos postos fronteiriços são recrutados sem que antes tenham passado por uma formação específica sobre o seu trabalho e ainda notou que, "muita das vezes", não recebem salário pelo serviço que prestam ao Estado.
"Isso facilita muito fechar os olhos perante situações ilícitas", observou Laércia Insali.
A somar àquelas situações, sublinhou Insali, o baixo preço do caju no mercado guineense faz com que o agricultor prefira vender o produto no Senegal ou na Guiné-Conacri, mesmo que seja através do contrabando, disse a jornalista.
Como recompensa pela vitória no concurso da Reuters, a jornalista guineense recebeu um valor monetário, que a própria preferiu não revelar.
Conosaba/Lusa
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