O ministro da Economia da Guiné-Bissau, Vitor Mandinga, pediu hoje demissão do cargo por considerar que foi esvaziado das suas competências orgânicas com a nomeação do vice-primeiro-ministro, Soares Sambú, refere em carta enviada à Lusa.
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, nomeou na terça-feira Soares Sambú como vice-primeiro-ministro do país, ministro da Presidência do Conselho de Ministros e coordenador para a área económica.
Com a nomeação, salienta Vitor Mandinga na carta, "os poderes de decisão e a cadeia de comando das ações governativas do ministro da Economia ficaram alteradas relativamente ao quadro" da sua nomeação.
"Facto que se traduzirá na prática no esvaziar das minhas competências orgânicas", refere na carta enviada ao primeiro-ministro, Nuno Nabiam.
O ministro demissionário sublinha também que nos últimos meses percebeu que a sua visão sobre "reformas e medidas de política económica" são diferentes do atual vice-primeiro-ministro.
"Antevendo, da minha parte, perdas inúteis de energia intelectual, administrativa e técnica na elaboração de opções a submeter ao Conselho de Ministros em matéria de política económica, tendo em conta a inviolabilidade do meu capital político e técnico, bem como a minha respeitabilidade de cidadão e as minhas convicções patrióticas, políticas e técnicas, o bom senso e a coerência recomendam-me a sair do Governo para facilitar o trabalho do atual vice-primeiro-ministro", pode ler-se.
Vitor Mandinga refere também que outra razão que o levou a apresentar o pedido de demissão é o facto de não subscrever o Orçamento Geral de Estado para 2021, porque o mesmo não tem em conta a reforma da Função Pública, que considera essencial para o desenvolvimento do país.
Vitor Mandinga defende um acordo com o Fundo Monetário Internacional para garantir uma saída "condigna" dos funcionários públicos, salientando que é mais "racional realizar o investimento de uma só vez do que o Estado endividar-se durante décadas" para pagar salários aos funcionários públicos.
"Acho que não fui compreendido nesta matéria, por isso houve a decisão superior de aprovar o Orçamento Geral de Estado de 2021 tal como está", afirma.
Vitor Mandinga tem a mesma posição em relação ao Plano Nacional de Desenvolvimento 2020-2023, que não está incorporado no Orçamento de Estado.
"A decisão de endividar o país para modernizar e reabilitar as nossas infraestruturas deve ser tomada e prosseguida num contexto de transparência e controle democrático", afirmou.
Vitor Mandinga foi eleito deputado do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), depois de ter abandonado o Partido da Convergência Democrática, acabando por integrar o Governo de Nuno Gomes Nabiam.
Soares Sambú foi diretor de campanha de Umaro Sissoco Embaló e faz parte da direção do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), liderado por Braima Camará, que apoiou a candidatura do atual chefe de Estado.
Na terça-feira, após a nomeação do novo vice-primeiro-ministro, o chefe de Estado exonerou do cargo de ministro da Presidência do Conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares Mamadu Serifo Jaquité, que foi também eleito deputado pelo Madem-G15.
Conosaba/Lusa
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