O primeiro golpe de estado levado a cabo na Guiné-Bissau foi há 40 anos, contra o regime de Luís Cabral, deposto por “Movimento Reajustador”, encabeçado pelo comissário principal (primeiro-ministro) de então, João Bernardo Vieira (Nino Vieira).
No dia 14 de novembro de 1980, numa sexta-feira, um grupo de militares, sob o comando de “Nino Vieira”, afastou da presidência do país, Luís Cabral, a meio de uma “grave crise” politico-social e “desigualdade entre os cidadãos”, como argumentaram na altura os golpistas.
Os membros do “Conselho de Revolução”, como se autodenominavam na altura, justificaram o levantamento por “discriminação de muitos cidadãos, a fome generalizada, abuso do poder e assassinatos”. E a promessa era não só de acabar, como também “reajustar” a situação.
Luís Cabral e vários elementos do seu regime foram detidos, outros submetidos à tortura e mortos. Mas o presidente deposto exilou-se em Portugal, para só vir a voltar a Guiné-Bissau, 20 anos depois, logo após o fim do conflito político-militar que assolou a Guiné-Bissau, entre 1998 e 1999, e que também tirou do poder “Nino Vieira”.
Depois da açao do “Movimento Reajustador”, Vieira assumiu o poder e exerceu-o por 18 anos. Os críticos do regime consideram que nada de novo trouxe e que “não fazia sentido” o afastamento de Luís Cabral, cujo regime de sete anos, para além de infraestruturar o país, deu continuidade e manteve as indústrias herdadas do regime colonial, mas que o regime sucessor “matou”.
Contudo, os “ninistas” orgulham-se do facto de o regime de João Bernardo Vieira ter liberalizado o comércio e permitido o regime democrático no país, afirmando a “autoridade do estado”, que “desapareceu com o conflito político-militar”, afirmam.
40 anos depois do golpe de estado de 1980, e a Guiné-Bisssu em plena democracia, a situação teima em continuar. É a crise política uma trás da outra, sequestro e espancamento dos cidadãos, com a população ainda a reclamar a garantia, pelo estado, das mais básicas necessidades.
Por Iancuba Dansó
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