“IMPORTÂNCIA DE PROTEÇÃO AOS MANGAIS (MANGUEZAIS) EM GUINÉ-BISSAU”
Atualmente se observa uma crescente degradação da biodiversidade em diferentes escalas de análise, interferindo na dinâmica ambiental global, regional e local, incluindo os sistemas ambientais das regiões litorâneas e costeiras da Guiné-Bissau, devido essencialmente à exploração abusiva dos recursos naturais e destruição dos ecossistemas. Cabe aqui instigar uma análise incorporando necessidades e cuidados no relacionamento sociedade-natureza diante a busca para satisfazer necessidades individuais humanas e sua ânsia de poder.
Os mangais (manguezais) são ecossistemas predominantemente tropicais que cumprem funções ecológicas de significativa importância para a reprodução de espécies marinhas. Os nutrientes encontrados nos mangais (manguezais) contribuem para a produtividade primária, alimentando grandes populações de moluscos, crustáceos, peixes, aves nativas e migratórias. Portanto, são berçários naturais, ou seja, ambientes para reprodução e criadouro de uma forma rica e diversa.
Os mangais (manguezais) têm uma importância estratégica para a sobrevivência de espécies, inclusive para o próprio ser humano. São ecossistemas conhecidos pela sua relevância, no que tange à produção de biomassa, por favorecerem a transformação de nutrientes em matéria orgânica e por serem um dos ecossistemas mais produtivos no mundo, funcionando como berçário natural para várias espécies de moluscos, crustáceos e peixes de interesse econômico.
Mesmo ciente da importância sociocultural e ecológica do ecossistema mangal, as pressões antrópicas têm interferido negativamente em uma escala espacial e temporal de forma crescente, trazendo consigo consequências degradantes às diversas formas biológicas ali inseridas, inclusive as condições de vida humana. Nas regiões costeiras africanas, em especial, no litoral guineense, estes cenários não se diferem, pois percebe-se a ocorrência de diferentes processos de degradação ambiental.
Grande parcela da população do planeta depende dos ecossistemas mangal e dos serviços que eles oferecem, incluindo alimentos, água, regulação climática, satisfação espiritual e apreciação estética.
Os mangais possibilitam a existência de várias atividades fundamentais tais como agricultura, extrativismo, pesca e aquicultura. Esses ecossistemas também coexistem com atividades portuárias, vários tipos de indústrias e turismo, estão transformando as zonas costeiras em grandes centros econômicos, provocando impactos ecológicos e sócio-culturais na vida das comunidades costeiras.
As destruições dos manguezais geram prejuízos ambientais, econômicos e culturais, uma vez que parte da fauna natural é fonte de renda, em especial nas regiões costeiras da Guiné-Bissau, onde o consumo de peixes faz parte da economia local, devido ao seu alto consumo. Por esses e outros motivos, a conservação desse ambiente é fundamental para manter o equilíbrio ambiental e conservar a fonte de renda de milhões de pescadores em Guiné-Bissau, que dependem desse habitat para seu sustento.
A situação atual de degradação dos mangais (manguezais) nas regiões costeira guineense está associada aos fatores climáticos e as pressões antrópicas, que ameaçam seriamente esse frágil ecossistema, reduzindo a sua capacidade de suporte. A Guiné-Bissau é um país tropical onde é abundante os recursos naturais, muitos deles vulneráveis e sujeitos a degradação, perante uma gestão inadequada ou abusiva da diversidade biológica.
Atualmente a exploração dos mangais se intensificou muito no país devido ao corte de mangais para obtenção de lenhas para defumação do pescado, construções e vedação de casas, onde há ainda a exploração de combé (molusco bivalve), ostras, produção de sal, assim como se desenvolve a pesca. Essas práticas provocam a erosão nas terras baixas e consequentemente provocam efeitos secundários aos fatores climáticos e aos processos de assoreamento.
Possivelmente, que as leis ambientais não estão sendo efetivadas na sua integridade em Guiné-Bissau, uma vez que continua a degradação dos recursos naturais locais. Necessita-se urgentemente da regulamentação e disciplinamento da utilização dos recursos naturais presente em Guiné-Bissau.
Por isso é importante ter a consciência no consumo e na exploração desses recursos. Neste caso, é urgente a efetivação da gestão ambiental integrada como fundamental para a conservação da biodiversidade e uma garantia a promoção da qualidade de vida da população da Guiné-Bissau. Todo esse movimento se traduz na capacidade de atuação mútua do cidadão local, o qual deve perceber-se como parte fundamental desse processo.
A não conservação dos manguezais pode trazer graves consequências para a sobrevivência da fauna marinha e comprometer os ecossistemas marinhos e oceânicos. Esses seres vivos fazem parte da alimentação de outras centenas de espécies de animais, que vivem nas águas mais profundas em alto-mar.
Os manguezais são peças-chave no combate às mudanças climáticas, contribuindo tanto na adaptação de seus impactos, como na fixação de carbono. Eles atuam na proteção contra tempestades, minimizando o impacto nas regiões costeiras e também são berçários para diversas espécies de peixes e mariscos.
Para minimizar problemas de degradação ambiental na região é preciso a implementação de ações de Educação Ambiental nas escolas públicas, o que poderá contribuir positivamente na sensibilização das comunidades face ao desenvolvimento sustentável e à utilização durável e racional dos recursos naturais guineense. Para preservar e gerir o patrimônio natural da Guiné-Bissau de forma durável será necessário reforçar ainda mais o estatuto de proteção e a conexão entre as áreas protegidas e assegurar uma gestão integrada, com o envolvimento ativo das comunidades locais e dos outros autores que atuam na proteção ambiental.
A provação de Lei dos Mangais que há muito tempo engavetada na Assembleia Nacional Popular (ANP) seria uma resposta efetiva à medida da Estratégia Nacional para as Áreas Protegidas e a Conservação da Biodiversidade em Guiné-Bissau e poderá melhorar as lacunas da Lei das Florestas, ao estabelecer a proteção e valorização dos mangais.
ANTONIO CORREIA JUNIOR
Especialista em Petróleo e Gás pela Instituto Mentoring-IM. Especialista em Gestão Ambiental com Ênfase Auditoria e Perícia Ambiental pela faculdade do Vale do Jaguaribe-FVJ. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Ceará. Doutorando em Geografia- Universidade Federal do Ceará-UFC. Integrante do grupo de pesquisa, LAGEPLAN - Laboratório de Geoecologia das Paisagens e Planejamento Ambiental, Universidade Federal do Ceará-UFC. Integrante da Academia Afrocearense de Letras-AAFROCEL. Doutorando em Geografia-Universidade Federal do Ceara-UFC.
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