O general Umaro Sissoco Embaló, candidato às presidenciais de 24 de novembro, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau, disse hoje que o país "está no chão" e que está muito preocupado com a atual situação.
"Uma coisa que eu sei é que a Guiné-Bissau está no chão, a nossa soberania, a nossa dignidade está no chão. A única pessoa que não tem compromisso com ninguém e que pode falar com qualquer outro estadista na Guiné-Bissau, sem compromisso, é Umaro Sissoco Embaló", afirmou o general na reserva.
Umaro Sissoco Embaló falava aos jornalistas momentos após ter aterrado no aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, depois de ter estado ausente do país várias semanas.
"Infelizmente hoje estamos a ver nas nossas instituições da República tropas estrangeiras e para mim é uma invasão, independentemente do acordo. Quem é que trouxe essas forças? O Mário Vaz tem essas forças com ele, Domingos Simões Pereira tem, eu enquanto fui primeiro-ministro disse que não, que era guineense e confio nos guineenses, porque os votos que vou pedir é aos guineenses", salientou.
A Guiné-Bissau tem estacionada no país desde 2012 uma força de interposição da CEDEAO, denominada Ecomib, para garantir a segurança e proteção aos titulares de órgãos de soberania guineenses.
Umaro Sissoco Embaló disse também que o foco de instabilidade no país é o Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau (PAIGC) e Domingos Simões Pereira, candidato às presidenciais daquele partido, e falou também do Presidente José Mário Vaz, mas sublinhou que ainda não tinha "elementos".
Nas declarações aos jornalistas, o candidato do Madem-G15 criticou também a atuação do embaixador dos Estados Unidos para a Guiné-Bissau, Tulinanbo Mushingi, que afirmou que a comunidade internacional "não vê nenhuma razão para a mudança do Governo", a 20 dias das eleições presidenciais.
O general criticou também a missão ministerial da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que esteve no fim de semana no país a avaliar a situação política, por não ter ouvido os candidatos e os partidos políticos.
Questionado sobre a alegada tentativa de golpe de Estado e das acusações de envolvimento feitas contra si pelo primeiro-ministro Aristides Gomes, Umaro Sissoco Embaló disse que não era golpista, nem traficante de droga.
A Guiné-Bissau vive um momento de grande tensão política, tendo o país neste momento dois governos e dois primeiros-ministros, nomeadamente Aristides Gomes e Faustino Imbali.
O Presidente guineense deu posse no dia 31 de outubro a um novo Governo, depois de ter demitido o Governo liderado por Aristides Gomes em 28 de outubro, e afirmou no domingo que a sua decisão "é irreversível".
A União Africana, a União Europeia, a CEDEAO, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente de demitir o Governo liderado por Aristides Gomes e disseram que apenas reconhecem o executivo saído das eleições legislativas de 10 de março, que continua em funções.
O Governo de Aristides Gomes já disse que não reconhece a decisão de José Mário Vaz, por ser candidato às eleições presidenciais, pelo seu mandato ter terminado em 23 de junho e por ter ficado no cargo por decisão da CEDEAO.
Uma missão da CEDEAO, que chegou no sábado ao país, reforçou no domingo que a organização apoia o Governo de Aristides Gomes e voltou a ameaçar impor sanções a quem criar obstáculos à realização das presidenciais em 24 de novembro.
Na segunda-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas ameaçou com novas sanções a todos aqueles que "minem a estabilidade" da Guiné-Bissau.
O Presidente convocou uma reunião do Conselho Superior de Defesa, mas não foram divulgadas conclusões do encontro.
Conosaba/Lusa
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