Bissau, 21 nov 2019 (Lusa) -- A representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Rosine Sori-Coulibaly, avisou hoje que a comunidade internacional está atenta à situação no país e manifestou esperança que as presidenciais de domingo possam "acabar com o ciclo de instabilidade".
Em entrevista à agência Lusa em Bissau, a representante especial do secretário-geral da ONU, António Guterres, e responsável pela Missão Integrada das Nações Unidas para a Consolidação da Paz e Segurança na Guiné-Bissau (Uniogbis) considerou que "o país caminha na boa direção", mas advertiu que "se houver uma crise mais grave, a comunidade internacional tem de estar lá".
Segundo a representante, oriunda do Burkina Faso, a comunidade internacional deve "lembrar que são necessárias regras e princípios" que devem ser cumpridos.
Questionada sobre a possibilidade de imposição de sanções caso se mantenha a crise política no país após as eleições presidenciais, Rosine Sori-Coulibaly referiu que a ONU "não impõe sanções de forma gratuita", recordando que isso aconteceu em 2012, mas devido "a um golpe de Estado após as eleições".
"A nossa esperança é que as eleições presidenciais de 24 de novembro possam pôr fim a este ciclo de instabilidade política e institucional" e que tudo decorra "com normalidade", antes e depois das eleições, afirmou a representante.
"É isso que a comunidade internacional espera porque o mandato desta missão é político, veio acompanhar o diálogo político e o processo de paz neste país", acrescentou.
O objetivo, disse, é que "o programa de desenvolvimento possa desenrolar-se normalmente, que o Governo seja capaz de encontrar soluções para as necessidades da população e que os parceiros possam ajudar de acordo com as prioridades do país".
Rosine Sori-Coulibaly congratulou "os atores políticos, o povo da Guiné-Bissau e os parceiros" que acompanham o país porque as "legislativas decorreram em condições normais, a assembleia nacional está constituída, os representantes do povo estão em funções", considerando que as presidenciais de domingo "fecham o ciclo eleitoral".
A responsável considerou que estão criadas as condições para a realização das eleições porque "os 12 candidatos fizeram campanha" e a "população está mobilizada".
A Uniogbis está no país desde 1999 e o atual mandato termina em dezembro de 2020, estando previsto que o Conselho de Segurança reavalie a situação em fevereiro próximo.
A Guiné-Bissau voltou a viver um clima de tensão política no final de outubro após o Presidente José Mário Vaz ter demitido o Governo de Aristides Gomes, saído das legislativas de 10 de março, e nomeado um outro liderado por Faustino Imbali.
Grande parte da comunidade internacional opôs-se a estas decisões e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) exigiu a demissão de Imbali, sob pena de impor "pesadas sanções" aos responsáveis pela instabilidade política.
Também o Conselho de Segurança das Nações Unidas ameaçou com novas sanções "todos aqueles que minem a estabilidade" na Guiné-Bissau e apelou à "conduta ordenada" dos atores políticos".
Imbali acabou por se demitir, pouco antes de serem conhecidas as decisões dos chefes de Estado da CEDEAO, que se reuniram numa cimeira extraordinária no Níger, em 08 de novembro, que decidiram reforçar a presença da força de interposição Ecomib no país e advertir o Presidente guineense de que qualquer tentativa de usar as forças armadas para impor um ato ilegal será "considerada um golpe de Estado".
Mais de 760 mil eleitores escolhem no domingo o próximo Presidente entre 12 candidatos. A campanha eleitoral termina na sexta-feira e no país estão 23 observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 54 da União Africana, 60 da CEDEAO e 47 dos Estados Unidos da América.
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