Bissau, 07 jun 2019 (Lusa) - Milhares de apoiantes do partidos da maioria parlamentar na Guiné-Bissau realizaram hoje um novo protesto para pedir ao Presidente guineense a nomeação do primeiro-ministro e do Governo e lembrar-lhe que o seu mandato termina a 23 de junho.
"Nós estamos a fazer um protesto pacífico que vai culminar com uma vigília para exigir ao Presidente da República (José Mário Vaz) a nomeação do novo primeiro-ministro, mas também para lembrar ao Presidente da República que o mandato dele termina no dia 23 e que no dia 24 não será mais Presidente da República da Guiné-Bissau", disse Dionísio Pereira, presidente da juventude do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
A marcha, com menos participantes em relação às últimas realizadas pelos partidos que representam a maioria parlamentar na Guiné-Bissau, culminou no largo junto à Câmara Municipal de Bissau, onde os apoiantes gritaram palavras de ordem como "Jomav rua", "abaixo o Jomav".
Jomav é o nome da empresa do chefe de Estado e é a forma como é tratado pelos guineenses.
No final da marcha, os apoiantes pretendem continuar com o protesto através da realização de uma vigília, que vai decorrer em vários pontos da cidade. As mulheres daqueles partidos já iniciaram uma na quinta-feira, que deverá prolongar-se até ao próximo dia 23.
"Nós como democratas só temos um caminho é demonstrar ao Presidente da República que o Governo deve ser nomeado e empossado. Na democracia uma das alíneas de demonstrar o descontentamento é a marcha pacífica, é a marcha demonstrativa de que algo não vai bem e é por isso que estou aqui como dirigente do meu partido que está nessa coligação e quer que o povo saia da dificuldade que está emergindo", afirmou Armando Mango, vice-presidente da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).
Três meses depois da realização de eleições legislativas na Guiné-Bissau, a 10 de março, o Presidente guineense continua sem nomear o primeiro-ministro e o Governo, alegando que falta resolver o problema da eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular, o que tem levado à realização de vários protestos.
O impasse político teve início com a eleição dos membros da Assembleia Nacional Popular.
Depois de Cipriano Cassamá, do PAIGC, ter sido reconduzido no cargo de presidente do parlamento, e Nuno Nabian, da APU-PDGB, ter sido eleito primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15, Braima Camará, para segundo vice-presidente do parlamento.
O Madem-G15 recusou avançar com outro nome para cargo e apresentou uma providência cautelar para anular a votação, mas que foi recusada pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Por outro lado, o PRS reclama para si a indicação do nome do primeiro secretário da mesa da assembleia.
O parlamento da Guiné-Bissau está dividido em dois grandes blocos, um, que inclui o PAIGC (partido mais votado nas legislativas, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que juntou o Madem-G15 (segundo partido mais votado) e o PRS, com 48.
O Presidente guineense já disse que só vai nomear o primeiro-ministro e o Governo quando a eleição para a mesa da Assembleia Nacional Popular estar concluída.
O novo parlamento da Guiné-Bissau vai reunir-se a partir de 11 de junho e até 22 de julho, tendo na agenda da sessão a eleição do segundo vice-presidente do parlamento.
Conosaba/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário