A Polícia Judiciária (PJ) da Guiné-Bissau vai colocar hoje em funcionamento um laboratório de análise de drogas para apoiar a luta contra o narcotráfico, disse à agência Lusa fonte da instituição.
O equipamento já estava no país, mas ficou guardado na delegação da União Europeia (UE) depois do golpe de Estado de 12 de abril de 2012.
Com a eleição de novas autoridades em 2014 o material foi entregue no final do ano e de então para cá tem sido dada formação aos agentes da PJ que vão utilizar o laboratório.
O projeto está integrado no programa EUTranscrim de combate à criminalidade transnacional e é financiado pela UE com cerca de 620 mil euros.
A aplicação do programa está a cargo do gabinete das Nações Unidas de luta contra o crime organizado (ONUDC).
Um relatório do Departamento de Estado Norte Americano datado de março concluiu que as condições que fizeram com que a Guiné-Bissau fosse rotulada como um narco-estado "continuam a existir".
"Apesar dos esforços iniciais do novo Governo, as condições que fizeram com que o país fosse rotulado como narco-estado persistem", refere o documento.
O fator geográfico das 88 ilhas do arquipélago dos Bijagós, conjugado com "militares que ainda conseguem escapar à autoridade do Estado com impunidade, continuam a fazer do país um centro de transbordo favorito para drogas", adianta o relatório.
"Os rendimentos de drogas, muitas vezes em dólares norte-americanos, circulam na Guiné-Bissau, ainda que fora do sistema financeiro formal", acrescenta o documento, que considera o sistema formal "minúsculo" face ao dinheiro que circula de mão em mão, sem registos.
Tal como em relação à lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, a administração norte-americana defende que o combate ao tráfico de droga requer mais "treino da polícia, dos investigadores e dos magistrados para combater crimes".
Por outro lado, têm aumentado no último ano as detenções de correios de droga no aeroporto de Bissau.
Fonte da PJ explicou à Lusa que as investigações em curso apontam para a existência de uma rede organizada a operar na Guiné-Bissau.
A suposta rede recorre a indivíduos angariados em vários países para importar cocaína, parte da qual volta a sair do país, enquanto outra parte fica em solo guineense.
Uma porção de 50 dólares de cocaína pode ser transformada em 'crack' (um estupefaciente muito viciante) no valor de 220 dólares e vendido em Bissau, referiu a mesma fonte.
Sem comentários:
Enviar um comentário