quinta-feira, 13 de novembro de 2014

OPINIÃO: "SEPARAR AS ÁGUAS", A. VERA CRUZ



Crónicas de Bissau

Separar as águas

A história era muito bem conhecida na praça pública, o Presidente da ANP passa a ser o Presidente da República, ninguém estranharia, porque não é novidade nenhuma, já foi assim no passado e pode vir a ser no futuro. Por isso gostaria de ser Presidente de ANP em vez de ser Primeiro-ministro, porque os presidentes, na Guiné-Bissau, gostam muito de morrer se calhar por que nós adoramos os nossos defuntos, honramos a morte, os espíritos e até apaixonamos. Logo assim que presidente decidir morrer passo a assumir a presidência da república, só que há um problema: eu não gosto de morrer como os outros presidentes.

Mas não há crise ainda relativamente a esse assunto, porque primeiramente tenho que eleger. Para ser mais explicito, o povo deve eleger-me como deputado para que eu possa ser presidente de ANP só depois disso que eu posso pensar na presidência da república. Contudo, antes de tudo, para que eu seja candidato é preciso que o partido me mande como seu candidato, num círculo eleitoral qualquer e o Tribunal aceitar o meu nome como candidato desse círculo, fogo! Muita volta para quê? 

Podíamos simplificar as coisas, quem tem mais força passa a assumir poder, assim controlava tudo e utilizava a força para resolver tudo, porque aqui na nossa terra tudo funciona com a força, caso contrário estaremos lixados. Ora vejamos, o ditado do povo disse bem claro "quando queremos endireitar o ferro, temos que o pôr no fogo para ficar bem encarnado e depois é bater, bater, bater até quando apanhar o eixo que queríamos, endireita-se". Povo não é burro, aliás, os artistas já tinham dito "pubis ka burru, udju odja, boka cala".

Mas os grandes artistas são normalmente os presidentes, todos os presidentes (da república, da ANP, do tribunal, da organização, da fundação, da associação) são artistas são eles que disseram que o povo não é burro, porque eles também não são burros, por isso são presidentes.

Agora vamos ver as coisas de uma forma mais nítida, o Primeiro-ministro não é presidente como Presidente de ANP, logo ele não é um artista, mas o presidente é um presidente e a lei é bem claro só presidente pode substituir o presidente. Quem me dera ser presidente! Portanto, se o presidente decidir morrer agora, como eles gostam muito da morte, presidente vai substituir o presidente. 

Mas não podemos esquecer que o Primeiro-ministro é presidente também, eu esqueci completamente que ele é o presidente do partido, quer dizer ele que decide se o presidente de ANP deve ser candidato ou não, se o seu nome deve ser enviado para concorrer num círculo eleitoral qualquer. Mas como é que eu fui burro para não me lembrar disso, por isso que eu não sou presidente, ainda um burro sou. 

Mas olha só, agora já sei o que vou fazer para me tornar num presidente, vou falar directamente com o Primeiro-ministro, ou seja, vou falar com o presidente do partido. Só que existe muita confusão ainda nesta história (Primeiro-ministro, presidente de Partido), ou é presidente ou é Primeiro-ministro, assim não consigo separar as águas. Imagina quando eu for presidente! Ou é porque sou um burro ainda?

Excerto da letra e música de Zé Manel, que significa literalmente (em crioulo) "o povo não é burro, o olho vê e a boca fica calada"


A. VeraCruz

2 comentários:

  1. Gosto. Dessa. Todos. Sabem desse. Teatro. Na assembleia. Todos guineenses. Se conheces. Dos. Anos.55 se não. Estudaram. Junto. Ou jogaram. Bola entre bairros. E Cipriano. É. Conhecido. Escapou em todas. Até. O ponto. De estar. Naquele. Lugar nobre. Pertence. Pessoa responsável. Não. Ele. Que. Tem. Um. Passado. Que todos. Aí sabe.

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  2. Não é uma pessoa ideal para aquele cargo nem a sua maneira de vestir condiz com o cargo
    ( i foi sempri um barridor di padja)

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