Amílcar Cabral
"Toda a terra tem a sua mãe, toda a cultura tem a sua história, todo o povo tem o seu herói e todas as lutas têm o seu mártir", as palavras de Valério Lopes ressoam não só como afirmações mas essencialmente como um exercício de introspecção na busca de uma identidade.
Foi nessa busca que Val Lopes criou "Cabralista", um documentário que procura honrar aquele que é visto por muitos como o pai das nações cabo-verdiana e guineense, de manter viva a ideologia de um homem que lutava pela liberdade.
"Ele (Cabral) disse que se não estivesse a lutar na Guiné, na mata, pela independência da Guiné, ia estar a lutar em Portugal contra o regime que estava implementado. Cabral era fundamentalmente humanista", discerne Val Lopes, acrescentando que o co-fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde não era só africanista, mas um homem que acima de tudo se preocupava com o ser humano.
Cabral ka mori
Certo de que Cabral merece estar nos livros entre os mais respeitados teóricos contemporâneos, como Karl Marx ou Charles de Gaulle, Val Lopes demonstra com o documentário "Cabralista" a importância da vida do independentista, o legado que ele deixou, tentando fechar o capítulo da sua morte.
"O espírito dele continua, o trabalho dele foi a vida, temos que digerir isto tudo. Enquanto essa morte não for digerida as pessoas vão continuar a falar disso de uma forma magoada, de uma forma muito emocional", ressalva o documentarista, respondendo à questão do que significa a expressão "Cabral ka mori" para ele.
"Tinha muito que ele fez na vida e que estamos a ignorar, porque estamos preocupados com a morte. Sou contra o facto de celebrarmos o 20 de Janeiro, que é o dia da morte de Amílcar Cabral, eu preferia o dia que ele nasceu, o dia 12 de Setembro, porque temos que celebrar o que nasceu com ele, o Cabralismo, a liberdade."
A 12 de Setembro de 1924 nascia Amílcar Cabral, um dos fundadores do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Na data do seu nascimento, 92 anos depois, o legado dele continua a marcar a história política, não só da Guiné Bissau e de Cabo Verde, mas de muitos países africanos.
Amílcar Cabral morreu em 1973, a 20 de Janeiro. Foi assassinado em Conacri, por dois membros do seu próprio partido, o PAIGC.
E para Val Lopes está na hora de pôr em prática o Cabralismo, deixando para trás as amarras da perda física, olhando para os ganhos de um idealismo chamado liberdade.
Voa com Conosaba
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