O Embaixador Plenipotenciário da República Popular da China na Guiné-Bissau, Yang Renhuo, afirmou que o governo da China está disposto a fortalecer a solidariedade e a cooperação com parceiros internacionais, incluindo a Guiné-Bissau, para promover a construção de um sistema de governança global mais justo e equitativo, bem como criar um futuro partilhado de paz, segurança, prosperidade e progresso.
O diplomata chinês fez estas afirmações durante uma entrevista exclusiva ao Jornal O Democrata, onde se debruçou sobre o estado da cooperação entre a Guiné-Bissau e a República Popular da China, assim como sobre a perspectiva de aprofundar a relação de cooperação estabelecida desde o período da luta de libertação nacional da Guiné-Bissau.
Na entrevista, Yang Renhuo explicou que a China, tendo como objetivo promover a construção de uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade e aproveitando a implementação do 15.º Plano Quinquenal definido pelo Partido Comunista da China como oportunidade, está disposta a aprofundar a cooperação prática com a Guiné-Bissau em diversas áreas, de modo a construir conjuntamente a Iniciativa Cinturão e Rota de alta qualidade e avançar de mãos dadas no caminho da modernização.
O diplomata falou igualmente, na entrevista, sobre a Iniciativa para a Governança Global proposta pelo Presidente Xi Jinping na reunião da Organização de Cooperação de Xangai Plus 2025. Abordou também a celebração do 80.º aniversário da restauração de Taiwan e os comentários feitos pela primeira-ministra japonesa a respeito da questão de Taiwan.
Sobre os comentários de Sanae Takaichi, primeira-ministra do Japão, o Embaixador Yang Renhuo, disse que os comentários da primeira-ministra japonesa, sobre a questão de Taiwan, violam a Declaração do Cairo e a Declaração de Potsdam, e são incompatíveis com o espírito da Resolução 2758 da Assembleia Geral da ONU.
“Isso não apenas desafia a soberania e a integridade territorial da China, mas também a autoridade das Nações Unidas e a ordem internacional pós-segunda Guerra Mundial. Tais ações invertem flagrantemente a história e são extremamente ridículas e perigosas”, adverte o diplomata.
O Democrata (OD): Como é que avalia a relação entre a China e a Guiné-Bissau no ano que agora termina e que resultados notáveis foram conquistados na prática, a nível da cooperação entre os dois países?
Yang Renhuo (YR): No ano passado, a parceria estratégica entre a China e a Guiné-Bissau aprofundou-se ainda mais. Primeiramente, a confiança política mútua consolidou-se constantemente. A parte chinesa e a parte guineense continuaram a apoiar-se mutuamente em questões relacionadas com os seus interesses nucleares de território e soberania, e colaborar em contextos multilaterais como nas Nações Unidas para defender ativamente o interesse comum dos países em desenvolvimento.
Em segundo lugar, a cooperação entre os dois países elevou-se na prática, em qualidade e nível.
Celebramos solenemente o 40º aniversário da cooperação pescatória entre a China e a Guiné-Bissau. Paralelamente, foi concluída e aberta ao tráfego a Auto-estrada Bissau a Safim construída com assistência chinesa, foi entregue com sucesso o equipamento de inspeção de segurança oferecido pela China e foi feita a distribuição da assistência alimentar de 1000 toneladas de arroz fornecida pela China em várias regiões do país.
As empresas chinesas promoveram bem o trabalho de prospeção de bauxite e fosfato na Guiné-Bissau, a Agência de Notícia Xinhua estabeleceu uma filial em Bissau. O primeiro Instituto Confúcio na Guiné-Bissau vai ser inaugurado brevemente na Escola de Educação Superior – Unidade Tchico Té. Além disso, as equipas médicas, agrícolas e de assistência técnica integral enviadas pela China continuaram a contribuir para o desenvolvimento socioeconómico e o bem-estar da população guineense.
Em terceiro lugar, os intercâmbios populares tornaram-se cada vez mais estreitos. Eu próprio liderei os diplomatas da nossa Embaixada a visitar várias regiões da Guiné-Bissau como Biombo, Cacheu, Bafatá, Gabú, e Bolama, nas quais reunimos com autoridades locais para trocar ideias sobre o aprofundamento da amizade entre os povos. Outrossim, a parte chinesa convidou múltiplos grupos e figuras amigáveis para participarem nas formações e intercâmbios na China.
A Embaixada da China doou também um lote de motos de recolha de lixo à Cidade de Bissau e ajudou as escolas em Bissau e Bafatá a melhorar as suas condições de funcionamento, prestando assim a nossa assistência possível para o desenvolvimento local e o bem-estar do povo da Guiné-Bissau.
O Democrata: Em outubro deste ano, o Partido Comunista da China (PCCh) realizou a 4ª Sessão Plenária do 20º Comité Central, que adoptou as Propostas do Comité Central do partido para a Formulação do 15º Plano Quinquenal de Desenvolvimento Económico e Social Nacional. Como irá a China promover o desenvolvimento económico e social de acordo com o 15º Plano Quinquenal?
YR: Em outubro deste ano, o Partido Comunista da China (PCCh) realizou com sucesso a 4ª Sessão Plenária do 20º Comité Central. Um dos resultados importantes foi a adoção das propostas para a formulação do 15º Plano Quinquenal, que delineou um grande projeto para o desenvolvimento da China nos próximos cinco anos e demonstrou uma visão otimista de cooperação ganha-ganha entre a China e o resto do mundo.
Durante a época do 14º Plano Quinquenal, a China alcançou uma série de conquistas significativas. Sob a liderança do Comité Central do PCCh, tendo como núcleo o camarada Xi Jinping, todo o Partido e o povo de todos os grupos étnicos do país superaram inúmeros desafios e seguiram em frente, enfrentando com êxito o severo teste da pandemia nunca vista em um século.
O volume total da economia da China ultrapassou sucessivamente os patamares de 110, 120 e 130 trilhões de yuans, e estima-se que em 2025 atinja os 140 trilhões de yuans, contribuindo com mais de 30% anualmente para o crescimento económico global. Ao entrar no 15º Plano Quinquenal, a China continuará a defender a abertura, a cooperação e o benefício mútuo, expandindo de forma estável a abertura institucional, salvaguardando o sistema de comércio multilateral e alargando a circulação internacional.
Promoverá a reforma e o desenvolvimento através da abertura, partilhará oportunidades e desenvolver-se-á em conjunto com todos os países do mundo. Olhando para o futuro, a parte chinesa, tendo como objetivo promover a construção de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade e aproveitando a implementação do 15º Plano Quinquenal como oportunidade, está disposta a aprofundar a cooperação prática com a parte guineense em diversas áreas, de modo a construir conjuntamente a Iniciativa Cinturão e Rota de alta qualidade e avançar de mãos dadas no caminho da modernização.
OD: Este ano, o Presidente Xi Jinping propôs a Iniciativa para a Governança Global na reunião da Organização de Cooperação de Shanghai Plus 2025. Esta iniciativa, que se junta à Iniciativa para o Desenvolvimento Global, à Iniciativa para a Segurança Global e à Iniciativa para a Civilização Global, torna-se mais um bem público importante que a China tem contribuído para a comunidade internacional. Poderia explicar as suas profundas implicações e qual é o papel que a Guiné-Bissau pode desempenhar nesta iniciativa?
YR: Desde o início da terceira década do século XXI, o Presidente Xi Jinping, para enfrentar as mudanças globais e solucionar os desafios da humanidade, tem proposto sucessivamente uma série de iniciativas globais e promovido as suas implementações.
As quatro Iniciativas Globais são elementos e estruturas importantes do desenvolvimento de pensamento de Xi Jinping sobre diplomacia que, a partir das quatro dimensões de desenvolvimento, segurança, civilização e governança, injetam forte impulso na construção conjunta de um mundo melhor e fornecem orientação estratégica para promover a construção de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade, demonstrando plenamente a visão global, a consciência mundial e a responsabilidade internacional da China.
Nesta ocasião, gostaria de compartilhar com todos uma chave dourada para compreender a China — O 5º volume de Xi Jinping: A Governança da China, que foi publicado este ano. O livro acompanha as mudanças na situação internacional, compreende com precisão as tendências globais e, com uma visão estratégica profunda e um amplo sentimento de responsabilidade global, esclarece e enriquece continuamente o conceito de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade, advoga claramente os valores comuns de toda a humanidade, defende que a paz e o desenvolvimento são causas comuns, a equidade e a justiça são ideais compartilhados, e a democracia e a liberdade são buscas coletivas.
A China está disposta a fortalecer a solidariedade e a cooperação com parceiros internacionais, incluindo a Guiné-Bissau, para promover a construção de um sistema de governança global mais justo e equitativo e criar um futuro compartilhado de paz, segurança, prosperidade e progresso.
OD: Este ano marca o 80º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Antifascista Mundial. A China realizou grandes atividades comemorativas. No atual contexto internacional, como a China acredita que deve colaborar melhor com a comunidade internacional para salvaguardar a paz duramente conquistada e a ordem internacional pós-guerra?
YR: 80 anos atrás, o povo chinês conquistou a grande vitória na guerra de resistência contra a agressão japonesa depois de 14 anos de luta árdua. A resistência chinesa começou mais cedo e durou mais tempo, apoiando o principal campo de batalha oriental da guerra mundial antifascista com imenso sacrifício nacional. É um componente crucial da guerra mundial antifascista e tem feito uma contribuição histórica significativa para a sua vitória. Para comemorar esta grande vitória, o governo chinês realizou a grande atividade comemorativa em Pequim em setembro deste ano.
A Embaixada da China na Guiné-Bissau também organizou a recepção e a exposição fotográfica, com a presença das figuras amigáveis do governo, partidos políticos, militares, mídia, acadêmicos e outros setores da Guiné-Bissau, e os convidados elogiaram as significativas contribuições da China para a vitória na guerra mundial antifascista.
Lembrar a história não é continuar o ódio, mas aprender com a história, enfrentar o futuro, valorizar e manter a paz. A China está disposta a trabalhar com todos os países amantes da paz do mundo, incluindo a Guiné-Bissau, para aprender sabedoria e força das profundas lições da Segunda Guerra Mundial e da grande vitória da guerra antifascista, aderir à perspectiva histórica correta, promover os Cinco Princípios da Coexistência Pacífica, salvaguardar a equidade e a justiça internacional, praticar conjuntamente o verdadeiro multilateralismo, promover a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade e criar um futuro melhor.
OD: Este ano marca também o 80º Aniversário da Restauração de Taiwan. A China estabeleceu oficialmente o Dia da Comemoração da Restauração de Taiwan e realizou atividades comemorativas em todo o mundo. Recentemente, a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, fez comentários sobre a questão de Taiwan, insinuando que o Japão usaria a força armada para impedir a reunificação de Taiwan pela China. A China expressou um forte protesto ao Japão a respeito disso. Sr. embaixador, qual é a sua opinião sobre o assunto?
YR: No dia 25 de outubro de 1945, o governo chinês realizou a cerimônia de aceitação da rendição das forças de ocupação japonesas na Província de Taiwan do teatro de guerra da China das potências aliadas na cidade de Taipei da Província de Taiwan, e restaurou oficialmente Taiwan com as ilhas associadas e as Ilhas Penghu, que foram usurpadas pelo Japão após a Guerra Sino-Japonesa de 1894-1895.
Desde a Declaração do Cairo e a Declaração de Potsdam até o Ato de Rendição do Japão, uma série de documentos jurídicos internacionais interligados demonstra que a questão do estatuto jurídico de Taiwan foi completamente resolvida na época da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa.
Em 25 de outubro de 1971, a 26ª sessão da Assembleia Geral da ONU adotou a Resolução 2758 por maioria esmagadora, deixando claro que há apenas uma só China no mundo, e que o governo da República Popular da China é o único governo legítimo representante de toda a China, incluindo a Província de Taiwan. Gostaria de salientar em particular que Taiwan é uma parte inalienável do território chinês e a questão de Taiwan é assunto interno da China. Como resolver essa questão e realizar a reunificação das duas margens do Estreito de Taiwan é uma questão dos próprios chineses, nenhum outro país ou força externa tem o direito de interferir.
Os comentários da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre a questão de Taiwan violam a Declaração do Cairo e a Declaração de Potsdam, e são incompatíveis com o espírito da Resolução 2758 da Assembleia Geral da ONU. Isso não apenas desafia a soberania e a integridade territorial da China, mas também a autoridade das Nações Unidas e a ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial. Tais ações invertem flagrantemente a história e são extremamente ridículas e perigosas.
A China teve que reagir com firmeza nisso, não apenas para salvaguardar sua soberania e integridade territorial, mas também para defender as conquistas do pós-guerra, arduamente conquistadas com sangue e sacrifício, e para defender a justiça internacional e a consciência humana.
Exortamos solenemente o governo japonês a refletir profundamente sobre a sua história de invasão e colonização de Taiwan, a refletir profundamente sobre os crimes de guerra cometidos pelo militarismo, a respeitar as regras e a agir com moderação e prudência em relação a Taiwan e às questões históricas. Se o Japão ousar intervir na questão de Taiwan pela força, a China certamente retaliará com firmeza para defender a segurança da sua soberania e integridade territorial.
OD: O próximo ano vai ser o Ano China-África de Intercâmbio entre os Povos. Quais são as suas expectativas para as relações entre China e a Guiné-Bissau, especialmente no que diz respeito aos intercâmbios e cooperações interpessoais entre os dois países?
YR: A China e a África gozam de uma amizade de longa data, que se torna cada vez mais sólida com o decorrer do tempo. A amizade entre os povos constitui uma pedra angular para o desenvolvimento das relações sino-africanas, e o intercâmbio entre os povos fomenta continuamente o vigor da amizade duradoura entre a China e a África.
O Presidente Xi Jinping apontou que, “O fundamento e a vitalidade das relações China-África residem nos povos, e o desenvolvimento das nossas relações deve ser mais centrado nos povos. Na Cimeira de Beijing do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), realizada em 2024, os dois lados concordaram em designar o ano de 2026 como o Ano China-África de Intercâmbio entre os Povos
Para implementar os importantes consensos dos líderes da China e da África e os resultados da Cimeira de Beijing do FOCAC, vamos aproveitar esta oportunidade para promover o intercâmbio e o aprendizado mútuo entre as civilizações chinesa e africana, atuar conforme o princípio da sinceridade, resultados reais, amizade e boa-fé que guia as nossas políticas com a África, e contribuir para a formação conjunta da Comunidade com Futuro Compartilhado China-África de Todos os Tempos para a Nova Era e a busca conjunta pelo sonho compartilhado da modernização.
Por: Assana Sambú
odemocratagb

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