terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Liga Guineense dos Direitos Humanos denuncia invasão da sua sede e agressão de dois funcionários


Bubacar Turé, Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, refere que dois funcionários da Liga foram espancados por polícias na noite de 22 de Dezembro de 2025. © Facebook LGDH

A Liga Guineense dos Direitos Humanos denunciou nesta terça-feira em comunicado a invasão da sua sede, a Casa dos Direitos, em Bissau, por polícias ontem à noite, depois de terminar a vigília pacífica organizada dentro do recinto para exigir a libertação dos presos políticos. De acordo com Bubacar Turé, presidente da Liga, dois funcionarios da organização foram espancados e tiveram que receber tratamento médico, sendo que hoje, a Casa dos dos Direitos tem o seu acesso vedado por dois polícias.

"A vigília congregou vários responsáveis das organizações sociedade civil e cidadãos comuns e decorreu de forma pacífica, sem qualquer incidente. Terminou. As pessoas abandonaram o local e inclusive eu. Ficaram lá dois funcionários da Liga que estavam a organizar a sala e, horas depois, fui comunicado que um grupo das forças de segurança, cerca de 30 pessoas, assaltaram as instalações da Casa dos Direitos, ordenaram a saída dos funcionários e prenderam os dois técnicos, que foram depois conduzidos ao Ministério do Interior, onde foram submetidos a espancamentos brutais, devidamente filmados", começou por contar Bubacar Turé ao condenar "com veemência" um acto que qualifica de "ilegal" e que "visa intimidar a Liga para não cumprir a sua missão".

Ao referir que "os dois funcionários sofreram lesões físicas, hematomas e contusões" e que "eles foram assistidos num estabelecimento hospitalar ontem, encontrando-se neste momento em curso exames clínicos complementares", o activista dá conta de um "agravamento da situação."

"Dois agentes da Polícia de Ordem Pública regressaram às instalações da Casa dos Direitos e expulsaram os funcionários que estavam lá e impuseram uma espécie de bloqueio total ao acesso à instituição. É um acto inaceitável para nós. Constitui uma afronta não só à Casa dos Direitos, mas também ao próprio Estado de Direito. Nós não podemos permitir que situações destas continuem a acontecer na Guiné-Bissau e condenamos estes ataques de ontem e hoje. Exigimos a responsabilidade e sobretudo, que as autoridades de facto tomem todas as medidas com vista à protecção dos cidadãos e dos defensores de Direitos Humanos", diz Bubacar Turé.

Questionado sobre eventuais explicações fornecidas pelos dois agentes policiais que bloqueiam o acesso da Casa dos Direitos, o Presidente da Liga refere que "não disseram nada" e que "eles se identificaram apenas como pertencentes à primeira esquadra de Bissau, não exibiram nenhum documento e não deram mais nenhuma outra explicação complementar".

"O que a Liga fez ontem foi um acto legítimo e no cumprimento da sua missão. Portanto, não foi nenhuma afronta às autoridades. Tanto assim que a vigília não foi feita no exterior da casa. A Casa do Direito tem um pátio. Nós podíamos organizar lá a vigília. Nós evitamos. Nós fizemos uma vigília no interior da casa. Quer dizer que doravante ninguém pode, nem na sua casa, nem no domicílio privado, organizar um evento de protesto", denuncia ainda Bubacar Turé.

Por: Liliana Henriques
rfi.fr/pt

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