terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Em Lisboa, a sociedade civil guineense na diáspora e membros da equipa eleitoral de Fernando Dias reuniram-se em conferência de imprensa. O objectivo da conferência foi triplo: denunciar as recentes declarações e acusações do Alto Comando Militar, alargar à diáspora o Pacto da Sociedade Civil - fundado em Bissau no mês de Dezembro, e convocar uma marcha na Guiné-Bissau a 31 de Dezembro.

 

Mariano Quade, representante da candidatura independente de Fernando Dias da Costa, Iafai Sani e Sabino Gomes Júnior, em conferência de imprensa para responder às recentes acusações por parte do Alto Comando Militar, em Lisboa, 29 de Dezembro de 2025. LUSA - ANTÓNIO COTRIM

Guiné-Bissau: convocada manifestação para 31 de Dezembro com apoio da diáspora

O primeiro ponto levantado na conferência de imprensa, em Lisboa, prende-se com as declarações “perigosas” do general Horta N’Tam que, a 19 de Dezembro, afirmou que “as eleições não são a solução para a Guiné-Bissau”.

"Afirmação não apenas errada, mas também perigosa", insiste Mariano Quadé, assessor de imprensa de Fernando Dias, realçando que "as eleições não são uma opinião, são um direito e um dever constitucional".

Se não resolvem todos os problemas, concede o responsável, são no entanto a base da legitimidade de qualquer poder.

"Usar o rótulo do narco-tráfico como arma política não combate o crime"

Mariano Quadé denuncia ainda as acusações proferidas pelos militares, segundo as quais a campanha de Fernando Dias teria sido financiada por narco-traficantes. "Quem afirma estas acusações, tem obrigação de apresentar provas do que alega. Até hoje, nada. Repetir uma mentira não a transforma em verdade", explicita. "Mais grave ainda: usar o rótulo do narco-tráfico como arma política não combate o crime. Banaliza-o e destrói reputações de forma irresponsável".

A este respeito, o representante do PAIGC em Portugal, Iafai Sani, estranha que os militares se desgastem em denúncias de alegada corrupção na campanha de Fernando Dias, e não tenham uma única palavra para os cinco milhões de euros apreendidos em Lisboa no jacto privado da ex-primeira dama Dinísia Embaló.

O dirigente do PAIGC em Portugal alerta ainda para a multiplicação dos casos de sequestro, raptos e espancamentos, ocorridos no país desde a tomada do poder pela junta militar. O mais recente caso ocorreu este domingo, 28 de Dezembro, quando o jurista Augusto Nansambé foi raptado na sua residência em Bissau, "simplesmente por ter emitido a sua opinião sobre o actual contexto na Guiné-Bissau", denuncia Iafai Sani.

Para convergir forças políticas, sindicais e sociais, Sabino Gomes Júnior, membro da equipa de campanha de Fernando Dias, propôs alargar à diáspora o Pacto da Sociedade Civil.

Este pacto apela ao retorno à legalidade constitucional na Guiné-Bissau, foi criado em Bissau neste mês de Dezembro, e já conta com mais de 40 organizações.

Foi lançado ainda um apelo a manifestar em todo o território da Guiné-Bissau no dia 31 de Dezembro.

Pela devolução do poder aos civis, pelo regresso dos militares as quartéis, pela libertação dos presos políticos, e em solidariedade com a Liga Guineense dos Direitos Humanos, invadida e atacada na semana passada por homens armados e encapuzados.

rfi.fr/pt/

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