quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Ambiente: AMBIENTALISTA GUINEENSE CÉTICO QUANTO AO FINANCIAMENTO CLIMÁTICO EM ÁFRICA


O ambientalista guineense, Constantino Correia, manifestou esta quarta-feira dúvidas em relação ao possível financiamento climático para o continente africano.

A posição foi tornada pública numa entrevista telefónica à Rádio Sol Mansi, a propósito da IIª Cimeira Africana do Clima, que decorreu de 8 a 10 de setembro, em Addis Abeba, Etiópia.

Sob o lema “Acelerar as Soluções Climáticas Globais: Financiar o Desenvolvimento Resiliente e Verde de África”, a cimeira reuniu líderes políticos, representantes da sociedade civil e organizações internacionais.

No centro do debate esteve a questão do financiamento, onde Constantino Correia se mostrou cético, recordando que, apesar do Acordo de Paris ter fixado em 100 mil milhões de euros anuais o apoio aos países menos desenvolvidos, esse montante nunca foi efetivamente cumprido.

“Para ser sincero tenho poucas perspetivas. A África emite apenas 4% das emissões, mas é quem mais sofre, e muitas vezes por culpa dos próprios africanos. No acordo de 2015 de Paris foi decidido dar aos países menos desenvolvidos 100 mil milhões de euros até hoje não foi desembolsado um dólar. Portanto continua cética com tudo o que fala de financiamento dos mais ricos”, acrescentou o ambientalista.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, as alterações climáticas já custam aos países africanos entre 2% e 5% do PIB por ano. Até 2030, cerca de 118 milhões de africanos em situação de vulnerabilidade poderão sofrer os efeitos de secas severas, inundações e ondas de calor extremas.

Ambientalista garantiu ainda que o objetivo da cimeira é posicionar África como uma força unida para influenciar os resultados da COP30, prevista para 2025 no Brasil.

África, que contribui apenas com 4% das emissões globais de gases com efeito de estufa, é um dos continentes mais afetados pelo aquecimento global. A Guiné-Bissau figura entre os cinco países mais vulneráveis do mundo.

Correia defendeu a necessidade urgente de procurar sistemas alternativos para reforçar a resiliência climática e mitigar os impactos já visíveis.

“África deve procurar outro sistema para conduzir o processo de resiliência a efeito de mudanças climáticas, é urgente mesmo porque vimos o que tem sido as consequências das mudanças climáticas nos países como no Cabo-verde, contudo a Guiné-Bissau é segundo país mais vulnerável”, alertou Constantino Correia.

Os guineenses aguardam com expetativa a solução do continente quanto à alteração climática que se regista já nos alguns países.

Para Constantino Correia, os ganhos que a Guiné-Bissau poderá retirar deste encontro dependem diretamente da capacidade de negociação da delegação nacional presente na cimeira.

As estimativas da União Africana e de organismos internacionais apontam para a necessidade de 250 mil milhões de dólares anuais até 2030, destinados à adaptação, mitigação e transição energética. Contudo, os compromissos internacionais atuais estão muito aquém desse valor, reforçando a importância de soluções inovadoras, como a emissão de títulos verdes, a conversão de dívida em ação climática e a criação de fundos específicos para financiar projetos sustentáveis no continente.

Por: Marcelino Iambi
.radiosolmansi.net/

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