O Secretário-geral da União Nacional de Trabalhadores da Guiné – Central Sindical (UNTG – CS), Júlio António Mendonça, exigiu que o governo corrija as nomeações feitas na função pública sem concurso público, os contratos individuais feitos pelo Ministro das Finanças e a redução das dívidas salariais com os funcionários públicos.
Em conferência de imprensa, esta segunda-feira, 01 de março de 2021, para falar do início hoje, com duração de um mês, da quarta vaga de greve na administração pública guineense, Júlio Mendonça acusa o governo de não estar interessado em cumprir os compromissos assumidos com a central sindical.
“Não fomos chamados para a negociação. O conselho Permanente de concertação social deixou de funcionar, desde que iniciamos as paralisações. Este governo está a agir com arrogância e já está a piorar a situação, afundando o país. Não é justo desestruturarem o Estado. Estão a pagar uns aos outros. O governo comprou as dívidas de comerciantes, enquanto os funcionários estão a sofrer” disse, adiantando que as mortes registadas, nos últimos tempos, no hospital Simão Mendes, poderiam ser evitadas, se o governo tivesse investido na compra de materiais para equipar aquele maior centro hospitalar do país.
Júlio Mendonça disse também que o hospital Simão Mendes não tem máquinas de diagnósticos, desafiando a Polícia Judiciária e o Ministério Público a investigar as razões que estiveram na origem da paragem da fábrica de oxigênio do hospital Simão Mendes.
Desafiou ainda os titulares de órgãos de soberania e os membros de governo a abdicarem de subsídios, demonstrando o sentido patriótico, para diminuir as mortes nos hospitais e criar condições para o funcionamento das aulas nas escolas públicas.
O Secretário geral da UNTG voltou a exigir a instituição de nova grelha salarial com salário mínimo de 100 mil, defendendo o equilíbrio na distribuição de riqueza no país, e denunciou que alguns funcionários contratados no ministério das finanças pelo titular da pasta, Aladje Fadia, auferirem salários de 230 000 xof (duzentos e trinta mil francos cfa).
Júlio Mendonça acusou ainda o governo de ter bloqueado, há sete meses, o fundo de apoio institucional que era destinado, mensalmente, à UNTG em mais de 14 milhões de francos cf’s, admitindo ininterruptamente a continuidade da greve, até que os problemas dos servidores públicos sejam resolvidos, porque “Este país não é propriedade de nenhum grupo. As ameaças que estamos a receber não nos vão fazer mover uma palha”.
Alguns setores políticos têm acusado Júlio Mendonça de ter filiação partidária e de estar a agir de má fé. Em reação, Mendonça desafiou às pessoas que o acusam a apresentarem provas da sua filiação.
“Esse discurso não é de agora, começou desde 2016. Fui conetado com todos os partidos. Os partidos têm registos. Vão aí para ver se vão encontrar o nome: Júlio António Mendonça. Eu não pertenço à nenhuma estrutura partidária no país. Sou advogado de profissão. Aqui na UNTG vou fazer advocacia para defender os trabalhadores guineenses” desafiou, adiantando que “essa gente que está no governo batiam-nos palmas e hoje, estão a criticar-nos. Afinal, ontem estávamos a fazer um bom trabalho e hoje, não! Esse discurso infantil não nos tira o sono, porque nós sabemos que estamos a trabalhar para servir a Guiné-Bissau”.
Questionado se não teme que o governo proceda ao desconto de dias de greve, Júlio Mendonça respondeu: é da lei, mas se avançar terá que pagar todas as dívidas, sob pena de o país continuar paralisado, convidando os servidores públicos que reflitam sobre a administração pública do país.
Júlio Mendonça anunciou ainda, para breve, a abertura da policlínica em benefício dos trabalhadores, lembrando que os servidores públicos não têm assistência medica e medicamentosa no país, “por isso, devemos continuar a nossa luta para a melhoria da condição de vida dos trabalhadores”.
Por: Tiago Seide
Conosaba/odemocratagb
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