Os dados indicam que a Guiné-Bissau foi último país onde Tostan instalou uma coordenação nacional e que depois de trinta anos é o primeiro país a beneficiar da Escala Nacional, não por causa da sua dimensão, sim, pela confiança que a organização depositou nas comunidades da Guiné-Bissau e na equipa nacional. O programa de Tostan tem duas fases (Kobi 1 e Aawde). Nesta primeira fase, as comunidades vão assistir aulas regularmente e implementar as atividades relacionadas com a democracia e os direitos humanos nas comunidades.
No Projeto Escala de Bem-Estar, Tostan espera trabalhar com 120 comunidades em todos os seis setores que compõem a região de Bafatá para a implementação do PRCC. A perspetiva do primeiro ano é ter seis mil (6.000) participantes que vão apreender sobre a democracia e como é aplicada a nível das comunidades, sobre 19 princípios de direito humanos e que serão capacitados a identificar os problemas comunitários, procurar soluções aos problemas que aparecem nas comunidades e aplicá-las nas suas respetivas comunidades.
Em declaração aos jornalistas, na abertura dos trabalhos do encontro de capacitação na quarta-feira, 10 de março de 2021, Yussuf Sané, coordenador nacional de Tostan, disse que o objetivo do seminário de formação intensiva de formadores sobre a democracia, direitos humanos e PRP visa permitir os supervisores do programa que irão atuar no terreno refletirem sobre o primeiro módulo de Tostan Guiné-Bissau chamado Kobi 01, baseado na democracia ou comportamento democrático, tanto a nível da família quanto comunitário. Destacou que o grupo de formadores vai também debruçar-se sobre 19 princípios de direitos humanos, base da fundação do programa de Tostan Guiné-Bissau, bem como a parte mais aplicável que é o processo de resolução de problemas nas comunidades.
“Enfim, este encontro de capacitação servirá de base para os futuros formadores poderem estar munidos de ferramentas necessárias para capacitar outros agentes de Tostan, facilitadores ou animadores”, frisou.
Segundo Yussuf Sané, são no total 120 animadores que lidarão diretamente com as comunidades por um período de três anos, tempo de duração do programa de Tostan.
“Para além de lidar diretamente com as comunidades, estes agentes ministrarão também aulas para as comunidades para capacitá-las sobre temas chaves, adotá-las de novos conhecimentos e participar na mobilização social”, precisou e disse esperar que os formadores que sairão desta ação de formação serão capazes de corresponder às demandas e estar à altura de, realmente, seguir os trabalhos que estão a ser desenvolvidos no terreno e capacitar outros agentes e as comunidades alvos, uma vez que tenham apreendido sobre a democracia, os direitos humanos e sobre os mecanismos ou processo de resolução de problemas nas comunidades.
“Porque são mecanismos que permitirão homens e mulheres serem mais autónomos e aplicar os conceitos da democracia na família e nas comunidades através do processo de inclusão das mulheres na esfera de tomada de decisões, promover o respeito pelos direitos humanos, nomeadamente: direito à vida, à educação e à saúde”, indicou.
Depois desta ação de formação, disse Yussuf Sané, que será criado em cada comunidade um Comité de Gestão Comunitária (CGC) composto por dezassete (17) membros comunitários eleitos democraticamente e no universo de 120 Comités de Gestão Comunitária a serem criados na região de Bafatá está previsto que cada comité integre, no mínimo, nove mulheres como forma de promover a participação das mulheres nas atividades comunitárias, o que significa que mil e oitenta (1080) mulheres poderão subir para liderança comunitária através do Comité de Gestão Comunitária.
Yussuf Sané destacou que para além de animadores, Tostan tem também uma equipa de supervisores que faz seguimento da qualidade dos programadas da sua organização, ou seja, se estão a ser aplicados em função das metodologias usadas na formação para os formadores dos agentes comunitários.
O coordenador nacional de Tostan Guiné-Bissau frisou que um dos desafios de Tostan é fazer que no futuro os raios de atuação de Tostan cheguem em todo o território nacional porque, conforme disse, faz parte do plano organizacional da sua organização.
“Em 2018, Tostan decidiu que a Guiné-Bissau seriaum país chave para o seu programa, por isso estamos a trabalhar agora para atingir todas as regiões do país. Porém, neste momento estamos a atuar apenas numa região, região de Bafatá e vamos usar essa experiência da região de Bafatá como um modelo e trabalhar em colaboração com o governo regional para poder reforçar esse modelo e uma vez terminado o plano estratégico relativamente à região de Bafatá, a organização poderá apresentar ao governo da Guiné-Bissau um modelo de desenvolvimento comunitário nacional”, sublinhou.
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S
Conosaba/odemocratagb
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