O primeiro-ministro Aristides Gomes justificou hoje o reforço de segurança no Palácio do Governo, na capital guineense, Bissau, com "ameaças proferidas" contra as forças policiais.
"Esta manhã, tendo em conta as ameaças proferidas contra o Comissário Nacional da Polícia de Ordem e Comandante Geral da Guarda Nacional na reunião do Conselho Superior da Defesa Nacional no sentido de cumprirem os dois pretensos decretos presidenciais do candidato às eleições Dr. José Mário Vaz, onde este tenta demitir o Governo legítimo da Guiné-Bissau, demos instruções para aumentar o dispositivo de segurança em todas as instituições governamentais, sobretudo no Palácio do Governo, como medida de precaução", refere o primeiro-ministro Aristides Gomes.
Numa mensagem publicada na sua página oficial no Facebook, o primeiro-ministro, que está a presidir a uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros para debater o comunicado do Conselho Superior de Defesa Nacional, apela também à população para manter a "calma e serenidade".
Hoje de manhã, era visível o reforço da segurança no Palácio do Governo, onde os funcionários foram impedidos de entrar.
O Conselho Superior de Defesa Nacional recomendou ao Presidente guineense, José Mário Vaz, que instrua "a força conjunta" para facilitar a entrada dos membros do Governo de Faustino Imbali nos departamentos governamentais, anunciou hoje a Presidência da República guineense, em comunicado.
O comunicado foi divulgado na sequência de reuniões realizadas por aquele órgão na segunda e na terça-feira ao final do dia.
A Guiné-Bissau vive um momento de grande tensão política, tendo o país neste momento dois governos e dois primeiros-ministros, nomeadamente Aristides Gomes e Faustino Imbali.
O Presidente guineense deu posse no dia 31 de outubro a um novo Governo, depois de ter demitido o Governo liderado por Aristides Gomes em 28 de outubro, e afirmou no domingo que a sua decisão "é irreversível".
A União Africana, a União Europeia, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente de demitir o Governo liderado por Aristides Gomes e disseram que apenas reconhecem o executivo saído das eleições legislativas de 10 de março, que continua em funções.
O Governo de Aristides Gomes já disse que não reconhece a decisão de José Mário Vaz, por ser candidato às eleições presidenciais, pelo seu mandato ter terminado em 23 de junho e por ter ficado no cargo por decisão da CEDEAO.
Uma missão da CEDEAO, que chegou no sábado ao país, reforçou no domingo que a organização apoia o Governo de Aristides Gomes e voltou a ameaçar impor sanções a quem criar obstáculos à realização das presidenciais em 24 de novembro.
Na segunda-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas ameaçou com novas sanções a todos aqueles que "minem a estabilidade" da Guiné-Bissau.
A Guiné-Bissau realiza eleições presidenciais em 24 de novembro. A campanha eleitoral, na qual participam 12 candidatos aprovados pelo Supremo Tribunal de Justiça, teve início no sábado e termina em 22 de novembro.
Conosaba/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário