Marcelo preside hoje às comemorações entre Portalegre e Cabo Verde
O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, preside hoje às comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que começam em Portalegre, de manhã, e terminam em Cabo Verde na terça-feira.
Em Portalegre, pelas 11:00, na Avenida das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa fará o seu primeiro discurso na presença do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e do primeiro-ministro, António Costa, depois de honras militares, de uma cerimónia em homenagem aos mortos em combate e de uma intervenção do presidente da Comissão Organizadora das Comemorações, o jornalista João Miguel Tavares.
As comemorações do Dia de Portugal começaram no domingo, no centro da cidade de Portalegre, com uma cerimónia de içar da bandeira nacional - ocasião em que o chefe de Estado aproveitou para defender que o 10 de Junho é em primeiro lugar uma efeméride que celebra "o culto da pátria", frisando que o país cultiva o seu passado, mas é um projeto virado para o futuro.
Perante os jornalistas, o chefe de Estado defendeu o caráter positivo dos resultados alcançados com o modelo de dupla celebração instituído a partir de 2016 nas comemorações do Dia de Portugal: primeiro em território nacional e depois no estrangeiro.
"Este modelo despertou o país para uma nova realidade - uma nova realidade que já era antiga. Valeu a pena comemorar o 10 de Junho, por simbólico que fosse, fora das nossas fronteiras físicas, mas dentro do nosso território espiritual", concluiu o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou neste contexto que o atual modelo de comemorações iniciou-se em 2016, tendo então sido repartido entre Lisboa e Paris.
"Começámos em França [2016], de França fomos ao Brasil [2017], do Brasil aos Estados Unidos [2018], e vamos agora a Cabo Verde. Entretanto, aumentou ainda mais a participação das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e houve uma extensão do direito de voto no sentido do recenseamento automático, alargando de forma impressionante o universo eleitoral fora das fronteiras físicas do país", apontou o Presidente da República, numa alusão a recentes mudanças legislativas operadas ao nível do sistema eleitoral.
No domingo, após a cerimónia do içar da bandeira nacional, a sessão de cumprimentos pelo corpo diplomático acreditado em Portugal e uma visita ao Museu da Tapeçaria de Portalegre, Marcelo Rebelo de Sousa partiu para o Porto, onde assistiu à vitória da seleção portuguesa de futebol, na final da Liga das Nações, diante da Holanda.
Esta manhã, na cerimónia de Portalegre, também estará presente o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, e no desfile militar haverá uma representação cabo-verdiana a participar juntamente com as Forças Armadas Portuguesas.
A seguir, Marcelo Rebelo de Sousa viajará para a cidade da Praia com o primeiro-ministro, António Costa, e com o Presidente de Cabo Verde, onde falará perante representantes da comunidade portuguesa neste país, que é composta, no total, por cerca de 21 mil pessoas, dispersas por várias ilhas cabo-verdianas.
Esta cerimónia de receção na capital de Cabo Verde terá atuações musicais do cantor cabo-verdiano Tito Paris e da fadista portuguesa Raquel Tavares e decorrerá na Escola Portuguesa.
Em Cabo Verde, no âmbito das comemorações do 10 de Junho, além do chefe de Estado e do primeiro-ministro, estarão os ministros da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, e o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, e os deputados Feliciano Barreiras Duarte, do PSD, Carlos Pereira, do PS, Maria Manuel Rola, do BE, Pedro Mota Soares, do CDS-PP, e João Dias, do PCP.
Em Cabo Verde, as comemorações terão lugar na cidade da Praia, na ilha de Santiago, e no Mindelo, na ilha de São Vicente, onde Presidente da República e primeiro-ministro terão uma agenda intensa, na terça-feira.
O programa no Mindelo inclui uma visita a uma exposição de arte contemporânea, um passeio a pé e um convívio com jovens desportistas na companhia do futebolista Eliseu, ex-jogador do Benfica, que integrou a seleção nacional campeã da Europa em 2016 e que tem dupla nacionalidade, portuguesa e cabo-verdiana.
No Mindelo, haverá ainda um almoço com autoridades locais numa fragata da Marinha Portuguesa e um desfile militar das Forças Armadas de Cabo Verde que integrará uma representação de Portugal.
As comemorações do Dia de Portugal terminam com uma receção à comunidade portuguesa, num hotel do Mindelo, na terça-feira ao fim do dia.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro regressa a Portugal e o Presidente da República viaja para a Costa do Marfim para uma visita de Estado.
"Somos muito mais que fragilidades. Não existem nações assim no mundo"
Marcelo admitiu que o país tem "os seus erros e fragilidades", mas lembrou os 900 anos de história que fazem de Portugal uma nação única.
Marcelo Rebelo de Sousa protagonizou o aguardado discurso do Dia de Portugal, 10 de Junho, celebração que está a ter lugar em Portalegre, e que segue depois para Cabo Verde. Em resposta à intervenção anterior do jornalista João Miguel Tavares, que apelou a que os "políticos que nos deem alguma coisa em que acreditar", Marcelo afirmou que esta nação "é muito maior que as suas fragilidades e erros"
Para o Presidente da República “celebrar o nosso dia, em Portalegre, na cidade da Praia e em Mindelo, é celebrar o essencial do que somos: uma só pátria” e uma forma de enriquecer “os portugais que as nossas comunidades criam lá fora” e os “portugais que se formam cá dentro”.
Referindo-se, precisamente, aos ‘portugais cá dentro’, o chefe de Estado considerou que a escolha de estar em Portalegre é uma forma de assumir “o valor de um compromisso acrescido para com estas e estes portugueses que resistem à distância física e que não renunciam a querer ser cidadãos de primeira, como aqueles que cresceram e viverem nas metrópoles, onde estão centrados os poderes públicos.
Para Marcelo o 10 de Junho tem de ser mais que “um rito de passagem, uma conveniência de ocasião, mais que um pretexto de evocação do passado. Tem de ser um compromisso de futuro para com esta terra e para com esta gente”.
O Presidente que discursou a seguir a João Miguel Tavares quis também dar uma visão diferente das palavras proferidas por este primeiro, que referiu que "a falta de esperança e as desigualdades de oportunidades podem dar origem a uma geração de adultos desencantados" no país.
"Ao menos no dia de Portugal admitamos que somos do mais próximo ao distante de cada um dos cidadãos. Somos muito que fragilidades ou erros. E por sermos muitos mais é que tivemos e temos a nossa história de quase 900 anos. Que temos uma comunidade mais inclusiva apesar das suas desigualdades. Que temos o mérito que os outros nos reconhecem mesmo quando nós hesitamos em nele nos reconhecermos. Mas também uma pátria irmã de muitas outras que conosco partilham uma comunidade de língua e sonhos", afirmou.
“Portugueses, faltam menos de três décadas para fazermos 900 anos, não há muitas nações do mundo assim”, lembrou, salientando que apesar de “não termos complexos quanto ao nosso passado”, “o futuro é o nosso propósito cimeiro”.
Num discurso um pouco mais longo do que tem feito nestas cerimónias, o chefe de Estado, durante cerca de 15 minutos, falou sobre múltiplos casos de sucesso de portugueses no mundo, muitos dos quais são desconhecidos por parte da generalidade dos cidadãos nacionais.
Neste contexto, no entanto, Marcelo Rebelo de Sousa deixou depois um sério aviso: "Não podemos nem devemos omitir ou apagar os nossos fracassos coletivos, os nossos erros antigos ou novos".
"Não podemos nem devemos esquecer ou minimizar insatisfações, cansaços, indignações, impaciências, corrupções, falências da justiça, exigências constantes de maior seriedade ou ética na vida publica", declarou ainda numa nova mensagem crítica.
Conosaba/noticiasaominuto
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