Mamadu Jamanca
Bissau - Os operadores guineenses do sector do caju consideraram quarta-feira ter sido marginalizados pelo Presidente do país, que pediu ajuda aos empresários senegaleses para comprar o principal produto de exportação do país.
Mamadu Jamanca, presidente da associação de importadores e exportadores guineenses afirma que o Presidente do país, José Mário Vaz, "humilhou os empresários" da Guiné-Bissau ao chamar estrangeiros para comprar castanha de caju.
"Nós é que investimos, empregamos pessoas na Guiné-Bissau, pagamos impostos e somos marginalizados", disse Jamanca, ao comentar a assinatura de um acordo entre duas empresas senegalesas com uma do país para compra de 120 das 200 mil toneladas da castanha.
Fernando Flamengo, um conhecido empresário do ramo do caju disse ter dúvidas sobre a viabilidade do acordo anunciado até porque, afirmou, a empresa guineense de que se fala não é conhecida no sector.
Segundo aquele empresário, o máximo que as empresas guineenses conseguem comprar são 15 mil toneladas.
"Como é que aparece agora uma empresa, que nós não conhecemos, nem sabemos se paga impostos, que diz que pode comprar 120 mil toneladas da castanha?", questionou Fernando Flamengo, que fala na entrada "de manobras políticas na economia".
O presidente da associação de importadores e exportadores propõe como medida imediata "para responder ao vexame", mandar fechar todos os armazéns e ordenar os seus associados que se retirem da campanha.
"Não queremos ser apontados como responsáveis pelo grande fracasso que vem aí", defendeu Mamadu Jamanca.
O presidente da Câmara do Comércio da Guiné-Bissau, António Nunes, disse que espera para ver como o negócio com os senegaleses vai avançar, mas afirmou ter muitas dúvidas e ainda quer saber como se vai fazer com o resto da castanha que não será comprada.
António Nunes quer saber quem vai comprar as 80 mil toneladas que vão sobrar, já que, sublinhou, os senegaleses apenas prometem comprar 120 mil das 200 mil toneladas anunciadas pelo Presidente guineense como a previsão da safra deste ano.
Quem se mostrou satisfeito com a possibilidade de os empresários senegaleses entrarem na compra da castanha guineense foi Jaime Gomes, líder dos agricultores, mas que ressalva ser importante que se comece a comprar o produto nos próximos dias.
"A população está a passar dificuldades. Faltam 13 dias para época das chuvas", alertou Jaime Gomes, que promete responsabilizar o Estado guineense se as 200 mil toneladas da castanha não forem compradas.
Gomes só exige que toda castanha seja comprada a preço de 1000 francos cfa (cerca de 1,5 euros), por quilograma ao produtor, por empresário de qualquer nacionalidade, disse.
Conosaba/angop
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