Presidente guineense, José Mário Vaz (esq.), e líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira
Da política à educação, passando pelo desporto: quase todos os setores da vida pública da Guiné-Bissau estão divididos em dois grupos. Conheça dois casos.
Tal como na política, após meses a fio de um braço de ferro entre a liderança do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e os opositores ao Governo de Carlos Correia, vários setores da sociedade guineense estão divididos. Até no futebol.
Atualmente, a Guiné-Bissau tem dois selecionadores nacionais: Paulo Torres, contratado pelo Governo, e Baciro Candé, convidado em Fevereiro pela Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB) para comandar a seleção nacional.
Torres foi demitido a 13 de outubro após a derrota em casa da seleção guineense por 1-3 frente à Libéria, que ditou o afastamento do país do apuramento para o Mundial de 2018.
A FFGB justificou a demissão de Torres com os maus resultados e, entretanto, indeferiu a convocatória do técnico português para o jogo com a seleção do Quénia a 23 de março.
"A Federação de Futebol já não reconhece Paulo Torres como selecionador nacional, por isso não aceitámos a lista que enviou", declarou Joãozinho Mendes, vice-presidente da FFGB. "Dissemos [a Torres] que vá tratar do assunto com a Secretaria de Estado dos Desportos".
O Governo guineense diz que a demissão de Torres não foi bem fundamentada e recusa o afastamento do técnico português. Paulo Torres insiste que continua a ser selecionador, alegando ter um contrato com o Governo até novembro, que não foi rescindido até agora.
O presidente da FFGB, Manuel Nascimento Lopes, é um dos 15 militantes expulsos do partido no poder que pedem a demissão do Executivo liderado por Carlos Correia.
Divisões na educação
As divisões também são visíveis no setor da educação. Nos últimos meses, os dois principais sindicatos de professores guineenses têm trocado acusações de forma constante.
O Sindicato Democrático dos Professores (SINDEPROF) realizou várias paralisações, acusando o Governo de não cumprir o que prometeu aos professores. Mas o Sindicato Nacional de Professores (SINAPROF) não se associou aos protestos e culpa o responsável do SINDEPROF de favorecer o Presidente da República, José Mário Vaz, de quem é primo.
"O outro sindicato está a seguir a agenda da Presidência para agudizar ainda mais a crise e tentar mostrar que o Governo não é capaz de resolver os problemas do país. Nós estamos contra esta ideia", disse Luís Nancassa, presidente do SINAPROF, que defende que se dê o benefício da dúvida ao Executivo de Carlos Correia.
dw.com/pt/Conosaba
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