quinta-feira, 17 de março de 2016

AINDA, GUINÉ EQUATORIAL: NENHUM CIDADÃO COMUM VÊ AS RIQUEZAS DO SEU PAÍS

TEODORÍN OBIANG
Teodoro Obiang, presidente da Guiné Equatorial, e Teodorín, o mais influente dos seus 42 filhos reconhecidos, têm gostos caros. Enquanto a maioria dos seus cidadãos vivem com menos de 1,80 € por dia, o filho mais velho, Obiang, gastou 49 milhões de euros num Boeing 737 com acessórios sanitários banhados a ouro. Teodorín acumulou 270 milhões de euros em ativos, incluindo 32 carros desportivos, uma mansão em Malibu e 1,80 milhões de euros em mobiliário que pertencera a Michael Jackson.

No entanto, os últimos anos têm sido menos bons para o clã Obiang. Em 2014 o Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América obrigou Teodorín Obiang a vender um Ferrari, a sua moradia em Los Angeles e seis estátuas de tamanho real de Michael Jackson depois de ter sido acusado de lavagem de dinheiro.

O pai, que tem o recorde do presidente mais antigo no mundo (36 anos), tem visto a sua fortuna pessoal decrescer com a diminuição do preço do petróleo.

Segundo o FMI, o PIB na Guiné Equatorial cresceu em média quase 40% ao ano entre 1996 e 2006, mas pouco beneficiou a população. Apesar do PIB per capita da Guiné Equatorial ser o mais elevado em África, mais de três quartos da sua população vive abaixo do nível de pobreza indicara o Banco Mundial.

Os gastos do governo na educação e saúde está muito aquém da média da África Subsaariana. Segundo Tutu Alicante, diretor executivo da EG Justice, um doente na Guiné Equatorial que opta por um hospital público é o mesmo que “assinar a sua própria sentença de morte”. Os pacientes devem trazer os seus próprios lençóis e compartilhar os quartos com ratos, revelou Alicante.

Indiferente à população, Obiang tem canalizado os petrodólares da Guiné Equatorial para grandes projetos, como Djibloho, uma nova cidade que está a construir no meio da selva, e para onde pretende transferir a capital país (Malabo) a fim de estar longe das tentativas de golpe de Estado por via marítima, tal como tentaram mercenários em 2009. O espaço previsto para a nova capital já conta com um novo hotel de luxo com 450 quartos e um labirinto de prédios vazios destinados a acolherem uma universidade internacional.

Todavia estas intenções estão a tornar-se cada vez mais difíceis de financiar. A queda da produção de petróleo e o valor do barril de bruto cada vez mais baixo provocaram uma retração da economia da Guiné Equatorial desde 2013. O ano passado foi particularmente mau: o PIB diminuiu em 10,2% e o emprego é cada vez mais raro.

Conhecido pela sua extrema severidade contra qualquer dissidente ou opositor, os efeitos da crise económica podem levar Teodoro Obiang a intensificar a repressão no país. Em janeiro, dois membros do partido da oposição Convergência para a Democracia Social foram presos apenas pelo crime de distribuírem panfletos que anunciavam uma reunião deste partido.

Com uma hipotética eleição presidencial agendada para novembro e à medida que Obiang, 73 anos, manifesta uma saúde cada vez mais fragilizada, os seus filhos, incluindo Teodorín, intensificam a luta pela sucessão.

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