sábado, 15 de fevereiro de 2014

MORREU: AGOSTINHO MENDES DE CARVALHO "UANHENGA XITU".

Nacionalista histórico e escritor angolano tinha 89 anos. Deixa vasta obra traduzida em várias línguas. Era crítico da repressão policial em Angola

Agostinho André Mendes de Carvalho, dirigente nacionalista histórico angolano que deixou vasta obra literária sob o pseudónimo Uanhenga Xitu, morreu esta quinta-feira em Luanda.
A agência Angop, que cita fonte familiar, refere que Mendes de Carvalho morreu em consequência de doença prolongada.
  
Mendes de Carvalho nasceu a 29 de Agosto de 1924, em Calomboloca, município de Icolo e Bengo, província de Luanda. Em 1959 foi preso pela polícia política portuguesa PIDE e enviado para o campo de concentração de Tarrafal, em Cabo Verde, onde permaneceu entre 1962 e 1970, e onde começou a escrever. Depois da independência de Angola, em 1975, foi eleito membro do Comité Central do MPLA, Governador de Luanda, ministro da Saúde, embaixador de Angola na ex-República Democrática Alemã e deputado à Assembleia Nacional. Na sua obra, que críticos literários consideram integrar uma "forte componente de crítica política e social", destacam-se dois títulos, 'O Ministro' (1989) e 'Cultos Especiais' (1997), que se assumem como "uma sátira ao culto da personalidade e ao comportamento dos políticos".
 
Escritor prestigiado em Angola e no estrangeiro, as suas obras encontram-se  traduzidas em várias línguas. Uma das últimas intervenções sociais foi a assinatura de uma carta aberta dirigida em março de 2012 ao Presidente angolano José Eduardo dos Santos, juntamente com outros escritores e políticos, em que expressava a sua "preocupação e indignação" pela repressão policial sobre manifestantes antigovernamentais. Acompanharam-no nessa carta aberta o também escritor e Prémio Camões em 1997 - Pepetela, e o ex-Primeiro-ministro e ex-secretário-geral do MPLA - Marcolino Moco.

Oiça o perfil de Uanhenga Xitu, traçado pela jornalista Fernanda Almeida e o comentário de Adolfo Maria, Ana Paula Tavares e José Eduardo Agualusa, que com ele conviveram.

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