O grande poeta Africano e primeiro presidente da República do Senegal, Leopoldo Sedar Senghor, dizia o seguinte:
«La raison est Hellènienne, et l’émotion est africaine”. Na bom Kriol, i di cuma Branco ta pensa antes di agi, ma Djazz ta lestu di entusiasma, el cu manda ita faci tudo ao contrário».
O Senghor tinha mais do que razão, porque é exatamente isso que acontece com o Homem Negro, que facilmente se emociona, se entusiasma, sem antes pensar e analisar profunda e multimensionalmente, os factos à sua presença.
Não é possível esperar por bons omeletes sem bons ovos. Infelizmente, o Homen Negro, devido a sua pobreza de espirito, muitas vezes se afasta da razão, convencido de que para a patologia de que o paciente padece, qualquer remédio serve. É isso se verifica principalmente com a lumpenizaàçao da Governação Africana, e o nosso país não foge à essa regra.
Quem pensa que a Guiné-Bissau vai avançar com essa pratica de outros tempos, está redondamente enganado.
Como é possível, em pleno Sec. XXI, apostar em quadros sem o requerido perfil técnico-profissional para ocuparem altos cargos de responsabilidade; esperando com isso ilusoriamente conseguir resultados satisfatórios, à semelhança dos países que privilegiam a competência ou a meritocracia, em vez do compadrio ou do companheirismo? Numa palavra, o lumpenismo.
É chegada a hora de pararmos para pensar, de forma a fazer melhores escolhas, para atingir os objetivos pretendidos, escolhendo os melhores dentre os melhores, em todos os domínios de conhecimento, para a assunção de altos cargos de responsabilidade a frente dos departamentos técnicos, independentemente das filiações partidárias, desde que sejam Guineenses que gozam dos seus mais elementares e constitucionais direitos.
Da independência aos nossos dias, a Guiné-Bissau produziu quadros para todos os gostos, qualitativa e quantitativamente, e muitos desses quadros apostaram mais na tecnocracia pura e simples do que no “business politics”, e estariam disponíveis para servir à sua pátria, com brio e alto espirito patriotiotico, como fossem “tidos ou achados”.
A politização da Administração Pública, sobretudo ao nível do poder local, e um dos piores pecados que tem vindo a ser sistematicamente cometido sobre este povo, e essa tendência ameaça perpetuar-se, porque aqueles que são chamados a decidir, muitas vezes têm privilegiado os ativistas que utilizam nos palcos políticos, em detrimento dos excelentes quadros abundantemente existentes no país, para o exercício de cargos de responsabilidade que requeiram o know how técnico.
A partir desta tribuna, na qualidade de quem também contribuiu para a existência deste regime cujo expoente máximo é Sua Excelência Senhor Presidente Umaro Sissoco Embalo, convido-o, mui humildemente, para usar as suas prerrogativas constitucionais e proceder a uma “limpeza”, com o fim de recolocar a Administração Pública no seu devido lugar, através de uma revolução que consistiria na abertura de um concurso público para recrutar candidatos ao exercício de cargos de administradores de sector, quadros detentores, no mínimo, de licenciatura em Administração, Economia, Sociologia, Direito ou outros ramos afins, com experiência mínima de 5 anos comprovada documentalmente por entidades patronais onde o candidato tenha prestado serviço.
Esses quadros, uma vez admitidos, seriam reciclados antes de serem colocados para substituírem esses “lumpens” em funções, muitos dos quais sem nunca terem lidado com o papel, e muito menos possuírem um razoável nível de literacia.
Se de dívidas se tratasse, da parte daqueles que o apoiaram na segunda volta das presidenciais de 2019, o jovem general Presidente da República já as saldou mais do que suficientemente. Chega de pagar dívidas que já subscreveram aliás, já foram saldadas.
Por isso, que o jovem general Presidente Embalo se digne mandar pôr termo a “essa pagaille”, como ele gosta de dizer, ordenando que se abandone essa prática de transformar a administração local, e não só, em campo de cultivo, em que cada agente dispõe de uma parcela.
Não é concebível que em pleno Sec. XXI ainda se aceite nomear qualquer “lumpem” para exercer o cargo de Administrador de Sector, gente cujo critério de seleção seja exclusivamente o apoio a este ou aquele político em campanha eleitoral.
É muito triste aquilo que vimos assistindo!
Excusado seria dizer que o PR tem à sua frente uma soberana oportunidade para mudar isto, de forma radical.
La comparaison n’est pas raison, como diz o Francês, e não é porque eu esteja a querer comparar o incomparável. Mas se o nosso querido jovem general Presidente da República decidiu pôr fim a este “lepsimenti” de controlos nas estraradas, e outras medidas restritivas de liberdade, não vejo razão nenhuma por que não vai continuar a essa dinâmica, exercendo a sua magistratura de influência junto do Governo para satisfazer os interesses dos governados?
O maior aliado ao general Presidente é o povo quer que o elegeu, o povo que o elegeu, por isso que ouça o grito do povo, operando uma ruptura total com as práticas do passado nessa matéria, e dizer aos ex- aliados que já estão mais do que recompensados, dizendo-os: “thanks for the support”. O povo exige um governo “made El Mokhar”, em que escolhe os seus homens à lupa, da base até ao topo, para acabar com essa bagunçada, sobretudo ao nível do poder local!
A reeleição do jovem general Presidente não vai depender daquilo que será o apoio desses ex-aliados. A obra feita é que será o seu maior aliado, e isso está a verificar-se, na certeza de que até ao fim do seu mandato os Guineenses não terão outra solução que não seja apostar de novo no general El Mokhar, o Raïs.
Não estou a fazer nenhuma propaganda política para o Raïs, mas sim, veicular o sentimento geral, dizer alto aquilo que muitos dizem em baixo.
Este ano deve ser o da “Sankarização” ou “Traorezação” do regime, para de uma vez para sempre extirpar os males que têm estado na origem da estagnação da pátria de Cabral.
Se o Sankara conseguiu e o Ibrahima Traoré está aconseguir.
Deus abençoe a Guiné-Bissau!
Por: YA.
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