segunda-feira, 15 de novembro de 2021

PROFESSORES CAPACITADOS NA ELABORAÇÃO DE MATERIAIS PARA O ENSINO DO PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA/LINGUA NÃO MATERNA

O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) promove (semana 45_2021), em colaboração com a embaixada do Brasil na GuinéBissau, um curso de capacitação destinado a professores guineenses de língua portuguesa, com base na metodologia do ensino português como língua estrangeira, língua não materna.

A iniciativa, de acordo com o diretor executivo do IILP, o guineense Incanha Intumbo, enquadra-se no plano de atividades do Instituto Internacional de Língua Portuguesa para 2021 e que a sua realização no país conta com o apoio da Embaixada do Brasil, em Bissau.

Incanha Intumbo explicou na entrevista ao semanário O Democrata que a formação era para ter acontecido em 2019, mas não se concretizou devido ao processo da transição no instituto que o permitiu assumir a direção da Instituição. Lembrou que no ano seguinte, 2020, houve a situação da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), por isso “não se conseguiu realizar o curso e que, felizmente, só agora a sua implementação tornou-se possível”.

Recordou neste particular que outras ações de capacitação semelhantes já foram realizadas em outros Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que faltavam a Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e a Guiné-Equatorial.

“A Guiné-Equatorial é um caso muito específico, porque há mais trabalho a ser feito antes de planificar uma ação dessa envergadura”, detalhou.

Adiantou que, com a realização deste curso de capacitação a Guiné-Bissau fica representada também, a igual com outros Estados membros da CPLP, no Portal do Professor do Português de Língua Estrangeira, um dos projetos do IILP.

“Quando abrimos as inscrições, tivemos perto de 40 professores que se inscreveram para participar em duas fases: a formação virtual, a distância e a presencial. Na ação de formação a distância, participaram cerca de 33 professores e esse número justifica-se, porque muitos professores não tiveram acesso à internet para poderem acompanhar os trabalhos.

Agora para a parte presencial, voltamos a pedir a confirmação para saber quem vem e quem não vem, por causa da logística, confirmaram apenas 17 professores, mas neste momento temos perto de 24 ou um bocadinho mais”, assegurou.

Explicou ainda que a ação de formação visa capacitar os professores de língua portuguesa durante uma semana e que o tempo letivo será de cerca de 30 horas.

“A formação é baseada na metodologia do ensino português como língua estrangeira, não língua materna como é feita nas escolas do país nas quais o ensino da língua portuguesa se baseia em fórmulas, conjugação de verbos, coisas muito normativas e os alunos não têm oportunidade para aprender e praticar a língua” sublinhou, realçando que a metodologia que será adotada nessa formação é mais comunicativa e basear-se-á na realidade da Guiné-Bissau, por isso é que os formadores estão no país para preparar os professores com trabalhos práticos no terreno, de acordo com a realidade guineense.

“De acordo com a experiência e como temos observado empiricamente, a língua portuguesa tem sido ensinada como se fosse a nossa língua primeira, ou seja, língua materna. Moçambique e Angola até se podem justificar, porque falam o português no dia a dia, as variedades deles claro, mas na Guiné-Bissau, em Cabo Verde, em São Tomé e Príncipe e Timor Leste há problemas de maneira que a questão da metodologia deve ser revista”, alertou o diretor do IILP.

Questionado se uma semana de formação é suficiente para dotar os professores dos conteúdos necessários, Incanha Intumbo disse que não é suficiente, mas é o que o Instituto Internacional da Língua Portuguesa consegue executar e que a programação do curso bem como a escolha dos conteúdos foram compatibilizadas com o número de horas letivas da ação.

Adiantou que seria preciso uma formação completa que incluiria uma série de ações, talvez ao nível de uma licenciatura, mas o IILP não tem condições para dar esse tipo de formação, porque tem altos custos e requer outro tipo de logística e de recursos humanos e porque também esta é do mesmo tipo que tem sido ministrado nos outros Estados membros da CPLP.

Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A
Conosaba/odemocratagb

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