Torna
difícil falar da Guiné-Bissau na sua plenitude tendo em conta dimensão política
e a complexidade, senão diversidade que envolve este pequeno país do continente
africano. Perante este cenário, cabe-me apontar os respaldos histórico que
possibilitem compreender o fenômeno conhecido como golpe de Estado.
Todas
as sociedades coloniais africanas herdaram alguns resquícios desse processo,
seja os que foram por via de negociação ou armada. No caso da Guiné-Bissau para
efetivação da luta armada as pessoas foram treinadas tanto no exterior, assim
como, nas zonas libertadas para manusearem as armas com intuito de defender a
pátria e eliminar fisicamente o colonizador português e consequentemente o
regime fascista que se vigorava. Os objetivos traços foram alcançados com a
determinação e perseverança de todos os combatentes. Depois da luta armada
aconteceu a seguinte situação; - o Estado não formou homens e mulheres com
conhecimento, conduta social, moral e intelectual como elementos de suporte aos
desafios que a vida os colocava. Por isso a política da centralidade perde o
rumo após a morte do líder carismático.
Após
a luta sem os preparos necessários e com uma certa imposição do bloco
capitalista, a Guiné-Bissau julgou pertinente inserir na democracia como
princípio que gere toda a normativa política. Mesmo nos primórdios da
democracia ainda cheirava o gosto do partido único (anos ku liberta es terra). Diante da exposição acima exposta, resta
nos indagar, por que acontece golpe de Estado na Guiné-Bissau em plena
democracia?
A
pergunta pode ser respondida com diferentes argumentos, porém navego nos
seguintes pressupostos;
–
O desrespeito a carta magna;
–
Governar pelo clientelismo e contra a vontade popular;
–
Implementação do regime ditatorial (prisões arbitraria, sequestros e eliminação
de adversário);
–
Política de encomenda;
–
Ausência de respeito entre os poderes e;
–
Forças armadas como suporte político
(levando em consideração que grupos de uniforme “complé” foram treinados para manusearem as armas e os mesmo
preparos foram disseminados nos novos corpos desse ramo, a democracia tornou-se
refém dos militares que são alienados pelos discursos políticos de alteração da
ordem constitucional). Não pretendo atribuir toda a responsabilidade aos
militares, mas também não posso tira-los a responsabilidade.
Olhando
para o momento que se vive me resta pontuar o seguinte:
–
O povo não escolheu um militar, mas sim um civil para guiar o destino do país
baseado nos princípios democráticos. Ora, não se faz necessário a exaltação do
cargo assumido anteriormente na fileira militar, essa postura demostra a
conduta da voz da supremacia que cria república do silêncio, sim ami abos i ka ninguim.
Nesse
tipo de ambiente não se verifica a progressão nos domínios da saúde, educação e
infraestrutura, mas sim as ameaças e desaparecimento dos cidadãos denunciantes.
É necessário ter a lucidez e entender que, comandante “supremo” das forças
armadas, não significa comandante em todas as instituições da república, até
porque o sistema que se vigora não é o absolutismo, no semi-presidencialismo
deve vigorar o princípio de respeito aos três poderes.
Acredito
que, por enquanto tivermos aventureiro político com viés populista, militares
sem entendimento das suas limitações, golpe de estado perfilará sempre na nossa
democratização.
Diante da implementação do regime ditatorial nos olhos daqueles que enxergam o óbvio, não creio que o senhor das viagens aéreas ficará até o final do mandato.
Nkanande
Ka, mestrando em História Social na Universidade Federal do Ceará-Brasil
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