O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, ignorou hoje a presença do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, quando se dirigia aos dignitários convidados para assistir às comemorações do 56.º aniversário da criação das Forças Armadas.
Ao levantar-se tribuna de honra para se dirigir para um palanque instalado na pista de tartan do Estádio Nacional 24 de setembro, Sissoco Embaló estendeu a mãos a vários dignitários nacionais e internacionais convidados, mas ignorou por completo Nabiam, que se encontrava na mesma fila.
Ao ser anunciado para pronunciar o seu discurso, Umaro Sisosco Embaló levantou-se, caminhou alguns metros para se dirigir ao palanque e no meio parou para cumprimentar algumas pessoas que também se puseram de pé, como é tradição no protocolo guineense, cabendo aos superiores hierárquicos a decisão de quem cumprimentar.
Entre as pessoas, encontrava-se o primeiro-ministro, a quem não apertou a mão, constatou a Lusa no local.
À chegada do Presidente ao estádio, na pista de tartan, o chefe de Governo foi receber Sissoco Embaló, que, na ocasião, não cumprimentou ninguém.
Vestido de farda militar, o Presidente guineense também fez o seu discurso à nação, que igualmente assinalou a festa do 48.º aniversário da independência do país, sem se referir uma única vez ao Governo e ao primeiro-ministro.
As relações entre Umaro Sissoco Embaló e Nuno Nabiam têm conhecido momentos de tensão nos últimos dias por causa de uma aeronave, Airbus A340, que se encontra retido no aeroporto de Bissau por ordens do Governo que considera suspeita a sua aterragem no país, desde o dia 29 de outubro e agora pede peritagem internacional à carga que traz a bordo.
Embaló já disse que as circunstâncias da vinda do aparelho ao país "são normais" e que seria uma empresa internacional que pretende se instalar em Bissau para a manutenção de aviões.
O Presidente guineense defende que o suposto caso do avião seria uma tentativa de algumas pessoas no país para desviar atenção sobre o tráfico de droga que o próprio afirmou estar a combater.
A Polícia Judiciária guineense tem em marcha uma operação de desmantelamento de uma alegada rede internacional de tráfico de droga no país, tendo sido já detidas várias pessoas, entre civis e militares, envolvidas no processo.
Umaro Sissoco Embaló prometeu para esta quarta-feira uma posição sobre a situação do país.
O Presidente avisou que poderá demitir o primeiro-ministro, Nuno Nabiam, lembrando que aquele não chegou ao cargo por via de eleições legislativas, mas por indicação sua.
Conosaba/Lusa
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